Foto: Reuters / Sérgio Moraes

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Movimento grevista de 1997 da Polícia Militar de Minas Gerais: Um divisor de águas na segurança pública brasileira




Recentemente recebi um livro de presente de um leitor do blog e estou a poucas páginas de terminar a leitura. Com um texto claro, inteligente e com informações valiosas sobre o movimento grevista de 1997 da Polícia Miliar de Minas Gerais, que reinvidicava melhoria salarial e melhores condições de trabalho, o livro "Polícia em Movimento" do organizador e professor Lúcio Alves de Barros é uma referência bibliográfica desse momento histórico não somente na secular trajetória da força policial militar mineira mas na história política de Minas Gerais.



Reconhecida como a melhor polícia militar do Brasil, os praças da PM mineira provou seu valor e sua corajem lutando, por meio do enfrentamento direto com o governo e o comando da PMMG,  contra a opressão do regulamento, as injustiças, as condições de trabalho e os miseráveis salários. Desse movimento por dignidade emergiu a figura do Cb Júlio como líder.



Atualmente existe um movimento chamado PEC 300 que novamente busca uma justiça salarial equiparando os salários de todas as PM´s do Brasil com o salário da PM do Distrito Federal ou no mínimo um piso salarial nacional digno. O movimento nacional PEC 300, que tem como líderes o Cap Assumção do PSB capixaba e o Major Fábio do DEM, é fruto do aprendizado que as PM´s brasileira guardaram sobre o poder de reinvidicação e mobilização de uma instituição policial militar, sobretudo no que se refere aos praças.

O Brasil está afundado em uma crise de segurança pública sem precedentes na história. A omissão de nosso governantes e de algumas oligarquias policiais ainda emperram a criação de um modelo policial adequado a nossa sociedade democrática e de governo civil. Movimentos como a greve de 1997 na PM de Minas Gerais e o movimento nacional PEC 300 são sinais dos últimos suspiros de uma estrutura que não mais está resistindo a pressão por atualização de fato.


O movimento de 97 teve o triste resultado da morte do Cb Valério e era uma luta somente dos policiais militares e civis. A PEC 300 é um movimento amplo que luta por dignidade salarial em nível nacional e além de ter como protagonistas os policiais militares e civis, conta com o acompanhamento de estudiosos/acadêmicos da sociedade organizada especialistas no campo da segurança pública que discutem em espaços como o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o site Comunidade Segura, além do próprio Pronasci que é um programa governamental. 

A demora em se implantar uma urgente reforma no sistema de segurança pública brasileiro está ceifando vidas, seja pela ação de criminosos ou pela atuação precária da polícia. Que a greve de 97 da PMMG continue a resultar em políticas de segurança pública sérias e que realmente tragam reformas positivas e profundas para a sociedade, para as instituições policiais e para os policiais.

André Silva

Fotos e vídeo do Movimento Grevista de 1997 da Polícia Militar de Minas Gerais:















As fotos e o vídeo desse post foram importadas do blog do Cb Júlio

http://blogdocabojulio.blogspot.com/

terça-feira, 11 de maio de 2010

Sugestão de leitura: Estados Fracassados de Noam Chomsky




Promessas de um velho mundo

Reconhecido em âmbito internacional, Chomsky ataca a política de governo dos EUA e avalia a "eficiência" das instituições democráticas do país. Depois de publicar obras de repercussão mundial sobre atentados terroristas, neoliberalismo, ordem global, entre outros temas de relevo, o linguista e crítico Noam Chomsky apresenta um panorama da política econômica americana e sobre a postura dos Estados Unidos perante o cenário internacional.

Apontado recentemente pela influente revista Prospect/Foreign Policy como o intelectual mais importante do mundo e com a chancela da New Yorker, que afirmou ser possível que "daqui a cem anos a interpretação de Chomsky se torne um clássico da historiografia", em Estados fracassados Noam Chomsky denuncia as promessas democráticas vazias que acompanham as ações dos EUA dentro e fora do país.

Mais que a continuação do aclamado bestseller internacional O império americano, Chomsky classifica os Estados Unidos como um Estado fracassado, tornando-se uma ameaça crescente tanto para seus habitantes quanto para a população mundial.

Segundo Chomsky, os Estados fracassados não têm capacidade de dar segurança aos seus cidadãos e se posicionam fora do alcance das leis e normas nacionais e estrangeiras. Paradoxalmente, esses Estados - ditos democráticos - padecem de "déficits de democracia" que esvaziam suas instituições democráticas de conteúdo.

Características do livro:
Título: Estados Fracassados
Subtítulo: Abuso do Poder e o Ataque à Democracia, O
Autor: Noam Chomsky
Editora: Bertrand Brasil
Assunto: Ciencias Sociais
Edição: 1
Número de Páginas: 350

Fonte: www.americanas.com.br/AcomProd/1472/2704501

ARBITRARIEDADES NA GUARDA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE (GMBH)



Assédio moral, descaso, perseguição, escalas de trabalho mal definidas, falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), arbitrariedades, escuta clandestina.

Estas e mais tantas outras palavras podem definir a atual gestão da Guarda Municipal de Belo Horizonte, segundo agentes da Guarda presentes na Audiência Pública realizada hoje (10/05) na Câmara Municipal de Belo Horizonte.

A requerimento do Vereador CABO JÚLIO, a audiência pública, realizada pela Comissão de Direitos Humanos, aconteceu no plenário Helvécio Arantes que esteve lotado das 09hs até as 13horas, nesta segunda feira.

Foram convidados o Comandante da GMBH, José Martinho Teixeira, o Corregedor da Guarda Municipal, Roberto Rezende, o Presidente da Associação de Guardas Municipais de Região Metropolitana de Belo Horizonte (ASGUM) Wellington José Nunes Cesário, o Vice presidente da ASGUM Renato Rodrigues da Conceição e o guarda municipal Pedro Ivo Bueno.

Militarismo para Agente Civil

A pauta da reunião foi o militarismo imposto aos agentes da GMBH. Segundo CABO JÚLIO, uma instituição civil não pode ser gerida sob um estatuto rígido copiado do Estatuto da PMMG. Ele culpa os parlamentares da Câmara Municipal, à época (2003), de terem aprovado de forma equivocada um Estatuto que não atende ao servidor público civil.

Para os parlamentares presentes, a Guarda Municipal de Belo Horizonte está doente. “O militarismo tem sido sinônimo de abuso”, conta CABO JÚLIO. Para ele o comando da GMBH está ultrapassado e não consegue acompanhar a evolução dos tempos.

Ao referir-se às denúncias de assédio moral dentro da Guarda, o vereador disse que a falta de respeito do comando para com os guardas se reproduz no trabalho dos mesmos nas ruas. “Se o guarda não tem seus direitos respeitados, como é que ele vai respeitar o cidadão?”. Para outros parlamentares a hierarquia e a disciplina que devem existir em qualquer instituição não devem ser confundias com pressão psicológica e assédio moral.

Desde que foi criada, em julho de 2003, a GMBH conta com 58 oficiais reformados da PMMG e cerca de 20 agentes também da polícia militar para 1872 efetivos da guarda, segundo informações do comando.

Denúncias

Durante o debate, os agentes da Guarda Municipal, Renato Rodrigues e Pedro Ivo Bueno relataram as arbitrariedades que vem sofrendo pela gestão. Segundo Renato, que já foi exonerado e reintegrou à guarda, está sendo instalado PAD (Processo Administrativo Disciplinar) para quem utiliza a rede social ORKUT, além de investigarem até os emails dos agentes. Ele lembra que responde por dois PAD´s, sendo um deles por não ter comparecido ao local onde foi escalado para trabalhar durante duas noites e sem EPI na barragem Santa Lúcia. Segundo ele, em um dos dias, uma pessoa morreu na região. “Com certeza vou ser exonerado de novo”, lamenta Renato.

Os agentes denunciam que precisam pedir permissão para traficantes em determinadas áreas para conseguirem permanecer no local.

Pedro Ivo Bueno disse que nenhum agente pode reclamar, questionar ou sugerir sobre qualquer assunto que não concorde. Ele lembra quando questionou o plano de carreira e foi “sumariamente” convidado a se retirar de uma palestra na frente de todos os colegas de trabalho. Bueno responde a processo administrativo há sete meses sem ter tido acesso aos autos para que pudesse prover sua defesa.

Ainda segundo os agentes, o descaso em repassar informações sobre os autos que respondem, também estão nas dezenas de reclamações relatadas por eles.

Vários relatos contam que não há um espaço físico para a ouvidoria. “Nunca vi um ouvidor. Sempre que faço alguma reclamação, não sei a quem me reportar”, afirma Bueno.

CABO JÚLIO denuncia o fato de que a Prefeitura comprou armas que não estão sendo utilizadas. “Provavelmente devem ter perdido a validade”, conta. CABO JÚLIO lembra que o agente da GM está na instituição por vocação, porque além de ganhar pouco, trabalha sem colete e sem arma. Para ele, em um futuro muito próximo, a GMBH será comandada pelos próprios agentes civis.

Palavra do Comando

Tanto o comandante da GMBH, coronel Martinho e o Corregedor, Roberto Rezende, disseram que estão abertos ao diálogo e prontos para resolver as pendências. “Nós erramos”, confessa Cel. Martinho.

Roberto Rezende lembra que o secretário de estado foi quem procurou o comando da PMMG à época para a implantação da Guarda Municipal. E que se o estatuto é retrógrado, ele deve voltar à CMBH para ser revisto.

Quanto às escalas, o comando disse que os agentes recebem vales refeição e transporte, ponto discordado pelo agente Renato Rodrigues. O comando disse também desconhecer o fato de que agentes estariam trabalhando sem coletes à prova de balas.

Ambos concordam que á falta de comunicação com relação às informações referentes a algum agente com processos administrativos. “Tudo é feito por advogados competentes que não deixariam de prestar informações ao denunciado”, afirma Rezende. Ele sugeriu que todos os pontos colocados na audiência sejam levados para outras instâncias como a própria prefeitura.

Grampo na GMBH

O Vereador CABO JÚLIO garantiu que as votações de projetos do Executivo estão suspensas até que a oposição aprove à criação da CPI do grampo na GMBH, que teve 17 assinaturas das 14 necessárias.

Outro ponto colocado pelo Vereador é a modificação do Estatuto da GMBH prevista em Projeto de lei já tramitando na casa.

Fonte: BLOG OFICIAL DO CABO JÚLIO

Número de homicídios sobe 22,6% em BH

Paulo Henrique Lobato - Estado de Minas


A violência avança em Belo Horizonte. Balanço parcial da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) mostra que o número de homicídios na capital subiu 22,6% na comparação entre o primeiro bimestre deste ano, quando 141 pessoas foram assassinadas, e igual intervalo de 2009, período em que 115 moradores foram executados.

O aumento dos homicídios em Belo Horizonte foi postado no site da secretaria (www.seds.mg.gov.br), onde também pode ser conferido um mapa mostrando os locais dos assassinatos. As imagens revelam que as ocorrências em bairros e vilas da Região Centro-Sul subiram de quatro para 18 (aumento de 350%). O órgão, porém, informou que nenhum diretor ou técnico vai se pronunciar sobre o assunto. Procurada, a Polícia Civil também se esquivou de analisar os dados. Por outro lado, representantes da pasta e da corporação vão se reunir, na quinta-feira, para divulgar o relatório da criminalidade em Minas Gerais em 2009.

O estudo deverá informar quantos casos foram desvendados pela Polícia Civil no ano passado. O levantamento também deverá confirmar que, mais uma vez, o tráfico de drogas é o principal fiador dos assassinatos no estado. Em abril, por exemplo, traficantes de Contagem, na região metropolitana, implantaram o toque de recolher nos bairros São Mateus, Estrela D’Alva e Tijuca, onde vivem perto de 60 mil pessoas. Durante nove dias, comerciantes não abriram as portas.

Os moradores precisaram se deslocar a outros bairros para comprar alimentos e remédios. Até escolas e postos de saúde atenderam a ordem dos criminosos. Na época, a PM informou que aquele era o toque de recolher mais longo da história da Grande BH. Mas os homicídios na capital não estão associados apenas ao tráfico de drogas.

Outros motivos, como ciúmes, também fizeram vítimas. Foi o caso da cabeleireira Maria Islaine Moraes, morta, em janeiro, quando tinha 31 anos. O covarde assassinato da mulher chocou o país, pois sua agonia foi flagrada pelo circuito interno do próprio salão. As imagens, que percorreram o país, mostram o ex-marido da vítima, o borracheiro Fábio Willian da Silva, de 30, se aproximando da ex-companheira e apertando o gatilho sete vezes.

“Era moça nova, que poderia ter um belo futuro. Seu erro foi tentar transformar um monstro num príncipe. Ela tentou fazer dele uma pessoa melhor, levando-o para terapia de casais, por exemplo. Saber que a Maria Islaine viveu ao lado de um monstro dói muito, assim como a ausência dela”, desabafa a cabeleireira Ronilda, de 39, irmã da vítima.

O assassinato ocorreu pela manhã, mas a maioria dos homicídios registrados em Belo Horizonte ocorreu depois das 18h. O balanço parcial da Seds revela ainda que cerca de 90% das vítimas eram homens e que a maioria dos crimes ocorreu no fim de semana.  

Fonte: Portal Uai
http://www.uai.com.br/htmls/app/noticia173/2010/05/11/noticia_minas,i=159186/NUMERO+DE+HOMICIDIOS+SOBE+22+6+EM+BH.shtml

domingo, 9 de maio de 2010

Mapping Crime of Metropolitan Police - A razão de ser de uma das melhores polícias do mundo


Devido à minha natural curiosidade relativamente a tudo o que se insira na constelação da segurança, visito com frequência os sites de outras forças e serviços de segurança a nível internacional. Numa das minhas últimas incursões “aterrei” na “Metropolitan Police”[1], tendo ficado surpreendido, pela positiva, com o facto desta polícia inglesa ter online uma aplicação informática denominada “mapping crime”, a qual transmite ao cidadão comum uma panorâmica da criminalidade na cidade de Londres, atribuindo cores à malha territorial consoante o tipo e o nível de criminalidade que se vão fazendo sentir.

Mas, acima de tudo, esta aplicação é um excelente auxiliar do trabalho policial[2], podendo servir para direccionar as forças no terreno à medida que as ocorrências vão surgindo, levando à adopção das modalidades de acção mais adequadas para satisfazer uma das necessidades mais importantes do cidadão: a segurança.

Através deste mapeamento informático do crime, tem-se acesso a uma multiplicidade de dados, tais como:

a) A localização;

b) A tipologia criminal;

c) O padrão;

d) A distância; e

e) A direcção.

Em Portugal, tanto quanto sei, no âmbito das medidas que já foram tomadas, e daquelas que se prevêem vir a ser tomadas no domínio da segurança interna, nada consta relativamente a esta ferramenta electrónica, a qual conjugada com outros equipamentos como o GPS, e com as bases de dados disponíveis permitiria às forças e serviços de segurança prestar um serviço de maior qualidade, tanto ao nível preventivo como repressivo.

Túlio Hostílio


[1] Disponível em http://maps.met.police.uk/.

[2] Para maiores desenvolvimentos: http://www.ncjrs.gov/pdffiles1/nij/209393.pdf .

Fonte: Blog português "A Toca do Túlio"
http://tuliohostilio.wordpress.com/2010/05/07/mapping-crime/

terça-feira, 4 de maio de 2010

Qual a sua opinião sobre o "Offender Locator"? O que você acha sobre identificar a residência de criminosos sexuais por GPS?




Há poucos dias, aguardando o início da aula do prof. Juarez Tavares, minha amiga Gisela França chamou-me a atenção para um aplicativo que havia em seu iPhone, trata-se do Offender Locator.

Funciona assim: você escolhe qualquer localidade no território dos EUA e então o programa simplesmente te fornece no mapa a localização das residências dos criminosos sexuais mais próximos, ou melhor (pior...), de todas as pessoas que possuem passagem na polícia americana sob acusação de crime sexual.

Não sendo o bastante, o programa fornece nome completo, data de nascimento, peso, altura, raça, cor do cabelo, cor dos olhos e o crime pelo qual ele possui passagem na polícia. Há ainda no aplicativo um alerta que é enviado ao usuário automaticamente quando um criminoso muda para a sua proximidade.

O aplicativo produzido pela empresa ThinAir, que possui uma versão gratuita e uma versão de $ 1.99, está disponível no mercado desde junho de 2009, sendo grande sucesso nos EUA.
Para quem ainda não está acreditando, veja com seus próprios olhos a oferta no site da Apple - clique aqui.

Para acessar o site do aplicativo Offender Locator, clique aqui.

Há ainda uma versão online, que pode ser acessada gratuitamente de qualquer computador, clique aqui.

Comentário:
O aplicativo é um absurdo total. Um flagrante abuso dos direitos humanos e uma afronta à dignidade de todas as pessoas localizadas no famigerado mapa.

Vejam, o programa indica todos que possuem qualquer registro de passagem na polícia sob acusação de crime sexual, mesmo que sem condenação judicial. Mas, mesmo que todos estes tivessem condenação criminal transitada em julgado, eu seria totalmente contrário ao aplicativo.

Trata-se, evidentemente, mais uma vez, de empresas norte-americanas ganhando rios de dinheiro com a exploração do medo. No próprio site de venda é possível encontrar as seguintes frases que tentam te convencer a comprar:

- Existem aproximadamente 600.000 criminosos sexuais registrados nos EUA. Há dezenas de milhares que ainda estão para ser descobertos.
- A chance do seu filho ter contato com um predador sexual é de 1 para 3.
- Há registro de mais de 2000 crianças perdidas todos os dias.
- Um típico criminoso sexual de criança molesta cerca de 117 crianças.
É ou não é um absurdo?! Que o Brasil não permita isso em nosso território.

Fonte: Blog C4 - Ciências Criminais

domingo, 2 de maio de 2010

Segurança pública: um debate atrasado e urgente


Segurança pública não é só um problema cotidiano dos cidadãos – é questão de governo e de Estado, diz especialista
01 de maio de 2010


ENTREVISTA - Rogério Bastos Arantes é professor do departamento de Ciência Política da USP
Quando o cientista político Rogério Bastos Arantes decidiu, em um trabalho inédito, construir um banco de dados para analisar 600 operações da Polícia Federal ocorridas entre 2003 e 2008, ele esperava conhecer a ação do Estado contra a corrupção e o crime organizado no País. O que acabou conhecendo melhor, conta ele, foi outra coisa: "Como o crime organizado e a corrupção são dependentes do Estado".


Professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP) e docente da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) de 1995 a 2008, Arantes, 41 anos, é um especialista no funcionamento das instituições políticas e judiciais brasileiras. Goiano de Anápolis, ele viu sua pesquisa sobre a atuação da PF ganhar relevância extra essa semana, quando notícias sobre o grupo criminoso Primeiro Comando da Capital (PCC) extrapolaram as fronteiras nacionais.


Dois brasileiros supostamente ligados à organização foram presos em Pedro Juan Caballero após um atentado contra o senador paraguaio Robert Acevedo. Não foi só isso: na segunda-feira, o governo dos EUA emitiu um comunicado pedindo que seus cidadãos evitem o litoral sul paulista, onde 13 assassinatos foram atribuídos à facção criminosa nos últimos dias.


Diante dos fatos, os principais pré-candidatos à Presidência da República foram à guerra. O postulante tucano, José Serra, prometeu, se eleito, a criação de um Ministério da Segurança Pública. A petista Dilma Rousseff rebateu, exaltando a coordenação federal da área, que já vem sendo feita via Ministério da Justiça. "Pela Constituição, cabe aos governos estaduais o combate ao crime", ressalta Rogério Arantes, "mas segurança pública diz respeito também a políticas de governo e de Estado".

Na entrevista a seguir, o cientista político fala do atraso com que o tema da segurança entrou na agenda da redemocratização, dos R$ 22 bilhões em recursos sugados do País pelas organizações criminosas - mais que o orçamento anual do Bolsa-Família -, do papel decisivo e dos riscos da atuação da PF e da conivência que marca por vezes o cidadão brasileiro: "As pessoas costumam ver a corrupção apenas no Estado, mas ela está na sociedade também".

Pesquisas de opinião mostram que a segurança, ao lado da educação, é a segunda maior preocupação dos eleitores brasileiros, atrás apenas da saúde. O tema será decisivo na campanha presidencial?
Sem dúvida, é um dos temas candentes da opinião pública nacional por aquilo que cerca as pessoas em seu cotidiano. Mas o debate entre os principais candidatos, Serra e Dilma, me parece, vai além: diz respeito a políticas de governo e de Estado. Foi o que os levou a divergir sobre a criação de um Ministério da Segurança Pública.

Um novo ministério é o caminho?


Eu diria que é natural que essa ideia apareça no contexto atual. Uma política que, segundo a Constituição, é fundamentalmente estadual, sofreu nos últimos anos um deslocamento para o plano federal - em função da política de segurança capitaneada pelo Planalto. Esse deslocamento envolve um fortalecimento das instituições federais de combate ao crime organizado e à corrupção, como a Polícia Federal e o Ministério Público. O governo chamou para si a responsabilidade de coordenar a área, e a proposição de um Ministério da Segurança viria consolidar esse processo.


E por que Dilma rejeitou a proposta?
Foi como se Serra se apropriasse de uma política que vem sendo conduzida de modo bem-sucedido pelo atual governo - na linha da estratégia de campanha tucana, que é a do "podemos mais". Dilma disse que a questão é mais de coordenação que de institucionalização em forma de ministério, pois é o que o Ministério da Justiça já vem fazendo. E em nível bastante agressivo: hoje, 17 Estados têm como secretários de segurança delegados da PF que foram conduzidos ao cargo mediante essa política articulada entre o governo federal e estaduais. E as Secretarias de Segurança sempre foram cargos estratégicos para as elites locais - que hoje não se incomodam ou se veem obrigadas a cedê-los para o nível federal. Dilma também disse: "Nós fizemos a Força Nacional". Mas o eleitor pergunta: onde está essa força? Ela não existe como corporação, é um conceito, que serve, nos casos previstos pela lei, para reunir policiais de corporações já existentes. A verdadeira força nacional hoje é a PF.


Por quê?


Ela é uma novidade republicana. Para repetir o bordão de Lula, nunca na história deste país se teve uma força policial de caráter civil, sob o comando do Poder Executivo federal e com capacidade de atuação em todo o território nacional. Nem os militares ousaram "empoderar" assim a organização. Após a ditadura não se fez isso, o governo FHC não o fez - exceto no final, quando inicia o reaparelhamento da PF. Quem de fato "soltou os federais" foi Lula. Já a criação de um ministério específico para a área esbarraria no texto constitucional. Seria uma tarefa mais complicada.

Nos últimos dias, o PCC saltou do noticiário paulista para o internacional, com o atentado no Paraguai e a recomendação do governo americano para que seus turistas evitem o litoral sul de São Paulo. A pressão de fora pode mobilizar as autoridades brasileiras?
Esses episódios pressionam o governo, mas são de fôlego curto. Entretanto, é perigoso para a segurança do Estado brasileiro o fato de que na região fronteiriça haja uma confluência do tráfico de drogas, de armas e do crime organizado. Quando um Estado não consegue controlar minimamente seu território e o uso da força nele, a ponto de ter que decretar "estado de exceção", como fez o Paraguai, passa a caminhar na direção do que a literatura chama de failed states - "Estados falidos". No Brasil, o crime organizado nunca chegou a ameaçar a ordem nesse nível. Mas a atenção do País deve ser redobrada.

Depois de um período de retração, o número de homicídios em São Paulo, a principal unidade da federação, voltou a subir. Outro dado preocupante: desde 2004, 21.240 das 97.549 armas de fogo registradas em nome de empresas de segurança privada foram roubadas ou furtadas. O que fazer?


Cabe à PF a fiscalização do porte de armas pelas empresas de segurança. A polícia não vinha sendo capaz de exercer esse controle de fato, e a sociedade desconhecia esses números e seu significado. Nós realizamos um referendo nacional sobre comercialização de armas e não dispúnhamos dessa informação crucial sobre o ingresso de armas no mercado ilegal brasileiro.

Por que o debate sobre segurança parece tão atrasado no País?

Porque desde a redemocratização a questão da segurança foi muito mais trabalhada sob o signo dos direitos humanos do que do fortalecimento do aparato policial. Isso foi muito benéfico, mas travou a discussão sobre a questão do crime a necessidade de reaparelhar as instituições de segurança pública. Naquele momento, importava mais reconstruir o Estado de Direito. O que ocorre agora é uma mudança de paradigma, e não deixa de ser curioso que tenha tido início na passagem da era FHC para a era Lula. Talvez por isso o Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) não tenha encontrado terreno propício no debate público ou o STF tenha posto uma pedra sobre a ideia de revisão da Lei de Anistia. Não sei se essa é a melhor forma de encerrar o longo ciclo da redemocratização, mas diria que foram os últimos suspiros do cisne.


Uma das conclusões da pesquisa que o sr. realizou foi de que o crime organizado no Brasil é 'dependente-associado' do Estado em 4 de cada 10 casos. O que isso quer dizer?


Que, em grande parte dos casos, o crime organizado depende do Estado e de seus agentes para se realizar. Seja de modo ativo, pelo assalto a recursos públicos, seja passivo, pela corrupção das atividades de fiscalização e de policiamento. Quando decidi estudar as operações da PF, estava motivado pela ideia de conhecer a ação do Estado contra a corrupção e o crime organizado. O que acabei conhecendo melhor foi como o crime organizado e a corrupção são dependentes do Estado. O maior número de operações da PF, por exemplo, ocorreu no combate à corrupção no INSS - que, no orçamento federal, detém a maior rubrica. Uma única operação desbaratou uma quadrilha que desfalcou a Previdência em R$ 1 bilhão. De modo que a PF a apelidou de "Ajuste Fiscal". O volume de recursos movimentados pelas organizações criminosas, estimado a partir de 125 dessas operações, foi da ordem de R$ 22 bilhões (o orçamento do Bolsa-Família previsto para 2010 é de R$ 13,7 bi). Isso quer dizer que boa parte da riqueza socialmente produzida no Brasil não é apropriada pelas vias legais - mas pelo crime, pela sonegação, pela facilitação de negócios ilícitos, etc. As pessoas costumam ver a corrupção apenas no Estado, mas ela está na sociedade também.

Sua pesquisa considera a atuação da PF positiva. Há problemas também?


A PF aparece na linha de frente dessas operações, mas por trás dela há quase sempre uma "força-tarefa", envolvendo também o MP e o Poder Judiciário e até agentes de outras instituições. Isso gera maior eficácia, mas preocupa os defensores das garantias e liberdades individuais. É o receio de que resultem em abuso de autoridade - como chegou a alertar o ex-presidente do STF, Gilmar Mendes.

Os principais candidatos à Presidência parecem bem informados sobre segurança?
O primeiro round travado entre os dois revela baixo grau de entendimento dessas questões. Quero crer que a campanha eleitoral seja capaz de produzir informação mais qualificada. Se a gente considerar que nas áreas econômica e social o mais provável é que haja continuidade, independentemente de quem assumir a Presidência em 2011, o que pode fazer diferença nas eleições deste ano são áreas como a da segurança. Seria muito útil, por exemplo, se esses candidatos pelo menos antecipassem o perfil dos futuros ocupantes dos cargos de ministro da Justiça e procurador-geral da República. São estes que lideram as organizações mais importantes para a segurança hoje, a PF e o MP, e terão que enfrentar o desafio de manter o equilíbrio das funções no interior do sistema. Eu definiria o meu voto em função dessas escolhas.


Fonte: Estadão


sexta-feira, 30 de abril de 2010

Técnicas para ocultar cocaína estão cada vez mais sofisticadas

AFP - Agence France-Presse
A existência de novas técnicas destinadas a ocultar cocaína antes de sua importação à Europa é destacada por um informe publicado nesta quinta-feira pelo Observatório Europeu de Droga e Toxicodependência (OEDT) e pela Europol.
O informe enfatiza "as técnicas cada vez mais sofisticadas utilizadas para ocultar a cocaína", uma das quais consiste em inserir a cocaína ou o cloridrato de cocaína em outros materiais, como cera de abelha, plástico ou roupas, para depois extraí-la em laboratórios instalados dentro das fronteiras da União Europeia.Aproximadamente 40 desses laboratórios, chamados de "segunda extração", foram descobertos na UE em 2008.
Esses laboratórios são diferentes dos instalados na África do Sul, que fabricam o cloridrato de cocaína a partir de folhas de coca ou de pasta de coca, afirmam as duas organizações.
O diretor do OEDT, Wolfgang Gotz, explicou que a investigação revelou "uma sofisticação e uma inovação crescentes dos meios empregados pelos traficantes de cocaína" e uma "extensão potencial da oferta de cocaína nos países da Europa central e oriental".
A Europa passou a ser um objetivo importante para a cocaína produzida na América do Sul, indica o informe. Os números de 2007 somam 73.800 apreensões realizadas nos países membros da União Europeia, na Croácia, na Turquia e na Noruega, que permitiram interceptar cerca de 77 toneladas de cocaína.
Esses números situam a Europa em 2007 como a terceira maior região do mundo no que diz respeito à quantidade de cocaína apreendida, atrás das Américas do Sul e do Norte.
Paralelamente, apareceram novas rotas para o tráfico transatlântico, afirma o documento, citando em particular a "rota da África do oeste".
Fonte: Portal Uai

domingo, 25 de abril de 2010

Un imposible político - La Droga , Y Colombia?


Un imposible político


Por: Jorge Colombo*


Cualquier crítica que se le haga a la política anti-droga vigente sugiere inmediatamente la pregunta: ¿qué otro modelo es posible? Esta pregunta hay que responderla en dos tiempos: ¿existe otro modelo?, ¿es pósible implementar otro modelo?


Desde la perspectiva colombiana, la discusión entorno a la política actual se centra en la segunda pregunta; y, por lo general, se responde de la siguiente forma: es un imposible político [1]. Es una respuesta muy cómoda pues permite evadir la primera pregunta. Peor aún, bajo esta respuesta ni siquiera hay que pedirle cuentas al modelo actual; después de todo, no tenemos otra opción. Además, bajo esta respuesta no se esta ni criticando ni defendiendo la guerra contra las drogas. Y es que es una respuesta tan conveniente que él que la usa hasta se puede ufanar de ser un realista, de ser de esos hombres pragmáticos que sólo conocen de Realpolitik.


Entonces: por un lado, tenemos que para los analistas políticos proponer otro modelo es un imposible político; por el otro, tenemos que para los políticos moralistas criticar el modelo actual es inmoral. Bajo esa lectura, no hay que sorprenderse cuando lo único que se propone es un mayor compromiso: más leyes punitivas, más extradiciones, más policías, más ejercito, más glifosato, más erradicación de cultivo, más sustitución de cultivos; en fin, más plata. Aparte de proponer más de lo mismo, de eso mismo que no ha logrado mejorar el panorama en 40 años pero que si ha logrado minar nuestro desarrollo, nuestros líderes no saben como manejar el asunto. Y son estos mismos grupos de pragmáticos y de moralistas que han llegado hasta el ridículo de exigirle mas compromiso a los gringos; que asuman la responsabilidad, dicen ahora, que vuelvan la lucha contra las drogas una prioridad, agregan [2].


Mayor compromiso y ya! esa simple respuesta es todo lo que escucharemos como propuesta para resolver el problema de control de drogas: sea el problema del abuso (que para muchos es sinónimo de consumo), sea el problema del narcotráfico (que existe porque hay consumo). Antes de arrojarse a echarle la culpa a los consumidores (la salida mas fácil y cómoda, pero también ingenua y despiadada) hagamos el ejercicio de preguntarnos: ¿Por qué es una política de control diferente un imposible político?


Los moralistas aducen que una política diferente enviaría el mensaje equivocado [3]. Y la verdad es que, como ya lo vimos antes, sucede totalmente lo contrario: el modelo actual favorece la ilegalidad, promueve el terrorismo y contradice a la razón. Es bastante difícil imaginarse algo con un mensaje más inmoral que este.


Los pragmáticos aducen a algo un poco más sutil: tratados internacionales y certificaciones, básicamente aducen a nuestra sumisión a la voluntad de otras naciones. Y tienen toda la razón, no se acomoda a la tradición colombiana eso de tener una política exterior insubordinada. Así que si se quiere salir de este nudo gordiano lo primero que necesita Colombia es tener carácter, y entender que se puede tener una opinión disonante pero que para defenderla se necesita dignidad. Lo segundo que se necesita es familiarizarse con los mecanismos impuestos por los tratados internacionales para entender como proceder para minimizar los conflictos que una opinión disonante puede acarrear.


En la siguiente entrada explicaré como funciona el sistema actual y así entender que se podría hacer para empezar a alejarse un poco de la política fallida.


Referencias
[1]: ¿Audacia o Ingenuidad?, Debate, Semana, Edición 1448, 30 de Enero de 2010.
[2]: Sangre en el río Bravo, Mundo, Semana, Edición 1455, 20 de Marzo de 2010.
[3]: A favor y en contra de la ley que prohíbe la dosis mínima, Revista de radio, Semana, 10 de Diciembre de 2010.



Fonte: El Espectador - Colômbia

http://blogs.elespectador.com/ladrograycolombia/2010/04/19/un-imposible-politico/

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Grupo ameaça criadores do South Park por mostrarem Maomé em episódio


Um grupo islâmico baseado nos EUA disse em seu site que os criadores do desenho animado South Park podem sofrer represálias por mostrarem o profeta Maomé com uma fantasia de urso em episódio recente.


Apesar da habitual irreverência com temas polêmicos, os criadores do programa, Matt Stone e Trey Parker decidiram censurar o episódio, colocando o papai noel com fantasia de urso, emitindo um bipe quando as palavras profeta Maomé foram ditas e mostrando, na mesma cena, a palavra "censurado", informou o jornal britânico "The Guardian".


As cenas polêmicas foram ao ar na quarta-feira, no canal Comedy Central, mas após as ameaças os criadores do programa decidiram censurar o episódio que agora passa a ser retransmitido de forma editada.


"Temos que avisá-los que o que estão fazendo é estúpido e que provavelmente acabarão como Theo Van Gogh por colocarem este programa no ar", dizia uma mensagem no site do grupo "Revolution Muslim".


O site mostrava ainda uma foto do cineasta holandês Theo Van Gogh, assassinado em 2004 por um militante islâmico após ter lançado um filme em que acusava o Islã de permitir a violência contra as mulheres.


O site também publicou um link para uma matéria que continha detalhes sobre uma mansão no Colorado supostamente de propriedade de Parker e Stone, dando a entender que os militantes sabem onde encontrar os criadores do programa.


O programa tem um histórico de sátiras a políticos, celebridades e temas polêmicos e seus episódios em geral atraem críticas.


Defesa

O chefe da organização "Revolution Muslim", Younus Abdullah Muhammad, se defendeu dizendo que os comentários no site não eram uma ameaça concreta.


"Mostramos um exemplo de algo que aconteceu com outro indivíduo que se comportou de maneira semelhante. Como isto pode ser uma ameaça? São apenas evidências", disse.


Muhammad disse que seu grupo não fez chamado algum para que as pessoas "fossem a casa deles [Stone e Parker] e cometessem atos violentos contra eles" e acrescentou que não está preocupado que os comentários no site levem a qualquer ação contra os criadores do programa.


A Comedy Central, que transmite o South Park, não fez comentários sobre o assunto.



Com Associated Press

Fonte: FolhaOnline

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Artigo de André Silva - A médica, o advogado e o policial, autores da mesma tortura

Eventualmente somos surpreendidos com a barbárie que o homem é capaz de fazer com o seu semelhante pelo dinheiro, pelo poder ou pelo prazer doentio de causar sofrimento. Nesses últimos dias, a morte dos dois empresário mineiros têm ocupado o noticiário local. Esse dois empresários, que segundo as informações veículadas na mídia estariam supostamente envolvidos com crimes de lavagem de dinheiro e foram vítimas de uma quadrilha especializada em extorquir empresários envolvidos em atividades ilícitas. As duas vítimas foram mantidas em cárcere privado, torturadas e mortas. Seus corpos foram encontrados sem as cabeças e as pontas dos dedos.

Tão trágico quanto o crime é saber que os supostos autores são um estudante de direito, uma médica, dois policiais e um garçom. Pessoas que de uma forma geral estariam acima de qualquer suspeita de formarem uma quadrilha tão brutal e violênta.

Uma trama hollywoodiana com tempero mineiro leva o atento espectador/leitor a considerar alguns aspectos da infinidade de debates que esse fato proporciona.

O primeiro aspecto é a participação de uma bela médica, Gabriela Ferreira, recém formada e com a uma carreira promissora. O que levaria uma jovem médica a compor uma quadrilha de extorsão, tortura e assassinato? Fora do esterótipo do criminoso pobre e sem instrução é revelante tentar entender quais as razões ou motivações que a alimentavam. Sadismo? Pscicopatia? Ganância? Falta de princípios morais familiares e sociais? E os valores da medicina que ela deveria ter incorporado para salvar e cuidar de vidas? É de grande revelância que pesquisadores das ciências criminais continuem a se atentar para esse perfil de criminoso abastado e instruído que parece optar pela prática de crimes violentos.
Um aspecto de participação da médica é que ela seria namorada do líder da quadrilha, o estudante de direito Frederico C.F. Carvalho. Esse quadro remete aos tarficantes dos morros cariocas que possuem suas namoradas que acabam se envolvendo no universo do crime. Um assunto relevante para as ciências sociais e penais seria o envolvimento da mulher no crime por meio de envolvimento amoroso.
Apontado como líder, o estudante de direito somente difere do perfil social da médica pelo curso que escolheu - Direito. Conhecedor das leis, o jovem rapaz optou por não respeitá-las. Seria esse comportamento um desvio de personalidade? Um comportamento desviante justificado na criação? Aqui se levanta as mesmas questões relacionadas a Gabriela Ferreira.
E por último, a participação de dois policiais militares deveria estimular mudanças na gestão da instituição. Sem dúvida da seriedade da instituição policial, dos demais policiais que trabalham com seriedade, bem como dos advogados e médicos comprometidos com os valores humanos e sociais de suas profissões, há que se aproveitar tais fatos para refletir.
Ainda sob o ponto de vista da conduta desviante motivada por algum desequilibrio psicológico seria prudente para a sociedade e para a instituição policial um acompanhamento psicológico compulsório, talvez a cada três anos, para avaliar as condições da saúde mental do profissional bem como as tendências à comportamentos brutais e violentos como a tortura e o sadismo. Quanto ao controle interno, há a necessidade de um investimento sobretudo conceitual em uma unidade interna de acompanhamento, orientação e fiscalização da atividade policial com fins de prevenção ao delito cometido por policiais.
André Silva

Governadores da Nigéria propõem matar presos para esvaziar prisões


País africano tem mais de 40 mil prisioneiros, mas 36 mil ainda não foram julgados


Os 36 governadores da Nigéria defenderam uma medida no mínimo polêmica para acabar com as prisões superlotadas do país: "executar" cerca de 330 condenados que que esperam no corredor da morte há anos.
O governador de Abia, Theodore Orji, afirmou na última terça-feira (20) que os Estados chegaram a um consenso sobre a questão, após uma reunião na capital Abuja com outros ministros, no Conselho Nacional Econômico.
-Houve um acordo, segundo o qual as pessoas que foram condenadas devem ser executadas.
O porta-voz dos serviços penitenciários, Kayode Odeyemi, informou que existem atualmente 40.106 prisioneiros na Nigéria, dos quais 330 esperam pela execução.
Existem ainda 36 mil prisioneiros que aguardam julgamento. Para esses detentos, que segundo os governadores representam 80% da população carcerária, os participantes na reunião propõem que alguns sejam libertados, pelo menos aqueles que já estão há muito tempo atrás das grades.
Mas o militante de direitos humanos da organização Open Society Justice Iniciative, o advogado Chidi Ansel Odinkalu, recomenda aos governadores que se dediquem mais a estudar os métodos utilizados pela polícia frente à criminalidade do país.
-É um grande problema na Nigéria que a polícia não possa investigar da forma correta. O único meio que dispõe é a tortura seguida pela confissão.


Copyright AFP - Todos os direitos de reprodução e representação reservados


Fonte: Portal R7

terça-feira, 20 de abril de 2010

Artigo André Silva - Prêmiação pela redução dos indices criminais. Até quando irá funcionar sem uma reforma no Sistema Policial?

Segundo dados divulgados pelo jornal "O Globo" e apresentados pelo blog capixaba "C4 Ciências Criminais" (http://ccccquatro.blogspot.com/2010/04/premiacoes-para-reduzir-criminalidade.html), o Estado do Rio de Janeiro teve o menor número de homicídios registrados no mês de fevereiro desde 1991. Segundo a matéria a redução foi de 14,9%, conforme dados do Instituto de Segurança Pública, em relação ao ano de 2009. Outras modalidades criminosas que tiveram a redução nos seus índices também no mês fevereiro em comparação com o ano de 2009 foram o latrocínio (menos 13 vítimas), roubo de veículos (menos 628 casos) e roubo na rua (menos 1.237 casos).
A matéria informa que o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, atribuiu a diminuição desses índices à política de premiações de policiais que somaram R$ 6 milhões de reais em 2009. Essas premiações foram concedidas aos 9 mil policiais, civis e militares, que cumpriram as metas de redução dos índices de criminalidade nas suas respectivas áreas de atuação.
A política de premiação por produtividade deveria fazer parte de um conjunto de ações de reforma das instituições policiais. Manter essa estrutura de segurança pública falida cosntitucionalmente que a cada dia se desafina a passos largos com as necessidades de uma sociedade compexa e dinâmica, em especial no que se refere à criminalidade, é andar na contra do bom senso e do desenvolvimento que urgentemente necessitamos.
Ser uma nação desenvolvida é ir além do aspecto econômico. É ser uma nação, um país, um Estado, capaz de garantir os direitos de cada cidadão, de punir de forma eficiente e eficaz qualquer indivíduo que atente contra a ordem social, ser capaz de promover a dignidade, a educação, a saúde e a segurança.
Premiar policiais sem lhes oferecer a dignidade através do salário, das condições estruturais de trabalho, a formação de alto nível e resgatar a auto-estima e o respeito perante a sociedade é usurpar da sociedade o direito de ser protegida por profissionais de qualidade.
Há que se reformar todo o capítulo constitucional que se refere à segurança pública para se iniciar a cosntrução de uma nova estrutura. Tal necessidade não é novidade para os nossos representantes que se empenham em políticas assistêncialistas se limitando a resistir a qualquer mudança estrutural profunda. Premiar os profissionais de segurança pública é uma iniciativa louvável, mas não é nada dentro do que deveria ser feito. A sociedade carioca merece muito mais.
André Silva

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Bibliografia básica sobre os temas: Polícia, Violência e Segurança Pública

“A guerra das ruas: povo e polícia na Cidade do Rio de Janeiro” – Marcos Luis Bretas - 1997 - Rio de Janeiro, RJ: Ministério da Justiça, Arquivo Nacional.

“Tiras, gansos e trutas: cotidiano e reforma na polícia civil” - Guaraci Mingardi - 1992 - São Paulo, SP: Scritta Editorial: Editora Página Aberta.

“O medo da polícia e as graves violações dos direitos humanos” - Nancy CARDIA - Tempo Social, 1997.

“Polícia e crise política: o caso das polícias militares” - PS PINHEIRO - A violência brasileira, 1982.

“A polícia da cidade do Rio de Janeiro: seus dilemas e paradoxos” - Roberto KANT de Lima - Rio de Janeiro: Editora Forense, 1995.

“Polícia no Rio de Janeiro: repressão e resistência numa cidade do século XIX” - Thomas Holloway, F de Castro Azevedo - 1997 - Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas.

“Quem vigia os vigias?: um estudo sobre controle externo da polícia no Brasil” - Julita Lemgruber, L Musumeci, I Cano - 2003 - Rio de Janeiro: Record.

“Ser policial é, sobretudo, uma razão de ser: cultura e cotidiano da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro” - Jaqueline MUNIZ - Rio de Janeiro: IUPERJ, 2000. (site Cesec)
“Direitos humanos: coisa de polícia” - Ricardo Balestreri - 1998 - Passo Fundo, RS: CAPEC, Pater Editora. Cerqueira CMN 1994.

“A polícia em uma sociedade democrática”. In Polícia, violência e direitos humanos. CEDoP, [Sl]. Série Cadernos de Polícia, nº 20.

“O uso da força letal pela polícia no Rio de Janeiro” – I CANO - Rio de Janeiro: ISER, 1997.
“Segurança pública e polícia: criminologia crítica aplicada” - Jorge da Silva - 2003 - Rio de Janeiro: Editora Forense.
“Controle da criminalidade e segurança pública: na nova ordem constitucional” - Jorge da Silva - 1990 - Rio de Janeiro: Forense.
“A Distribuição da Segurança Pública e a Organização Policial” - AL PAIXÃO - A Instituição Policial. Rio de Janeiro, 1985.
Fonte: Comunidade Segura

Segurança pública: problema de todos, solução também

Muitos países sofrem com os altos índices de criminalidade e violência e com as dificuldades das instituições públicas para lidar com a situação. Na América Latina, esta é a realidade da maioria dos países que hoje vivem, em maior ou menor grau, processos de reestruturação de seus sistemas de segurança e justiça. A violência é a primeira entre as causas de morte no Brasil, Colômbia, Venezuela, El Salvador e México.

Repressão à violência é importante, mas é uma abordagem pontual que não incide sobre os fatores geradores de insegurança. As instituições policiais não podem, sozinhas, dar conta da segurança pública.

O fenômeno da violência e da criminalidade é extremamente complexo, multifacetado e dinâmico, exigindo uma abordagem integrada, multi-setorial, que envolva a sociedade como um todo na busca de soluções efetivas e sustentáveis. Intervenções que acionem apenas as instituições policiais ou de justiça criminal, desarticuladas, não oferecem resultados duráveis, até porque o campo de ação destas instâncias sobre as possíveis causas do fenômeno é limitado.

Os efeitos cotidianos da violência e da criminalidade são sentidos, em primeiro lugar, pela comunidade e seus membros, seja sob a forma de eventos concretos, seja através da “sensação de insegurança”. Para uma atuação preventiva, é preciso ouvir os atores locais. A participação comunitária é fundamental para a consolidação de uma verdadeira política pública.

Atuar preventivamente sobre fatores como a degradação ambiental, o desemprego, problemas de saneamento, iluminação pública e falta de opções de lazer, a chamada “prevenção primária”, pode trazer benefícios efetivos para a Segurança Pública.

Nas discussões nacionais e internacionais sobre Segurança Pública, cresce cada vez mais a importância das cidades. A instância governamental mais próxima dos problemas vividos pelos cidadãos tem papel crucial na implementação de soluções ajustadas aos contextos específicos da comunidade. Desta forma, os governos locais podem ajudar e muito as ações das organizações policiais.

O papel da polícia sempre esteve atrelado à idéia de manutenção da ordem e proteção do Estado e de seus governantes. O conceito de segurança humana move o foco para os cidadãos, para a garantia de seus direitos individuais e coletivos, dividindo essa responsabilidade com a sociedade civil.

A América Latina conta com um número considerável de instituições acadêmicas e organizações não governamentais trabalhando em questões relacionadas ao desenvolvimento do sistema de segurança pública. Estes atores precisam não só se fortalecer coletivamente para poder exercer maior influência nas agendas regionais, como também criar mecanismos que facilitem a relação e a interação com os membros das forças policiais interessadas em modernizar suas próprias instituições.

Existem muitos jovens oficiais de polícia com idéias novas e criativas e que gostariam de ver mudanças, mas carecem de ajuda política e institucional para pensar e testar alternativas inovadoras. É preciso promover o fortalecimento destes atores e o estímulo a sua expressão e manifestação.

Convidamos você a refletir sobre estas questões, participar e propor debates, colaborar com suas propostas e questionamentos, pois acreditamos que juntos podemos avançar tanto no plano das idéias quanto das ações, no caminho da construção de comunidades seguras.
Fonte: Comunidade Segura

Segurança pública: três visões, uma pasta

Marina Lemle 09/04/2010 - 03:00.

A porta aberta convidava a entrar na sala lotada. Do corredor já se percebia que valia a pena assitir ao debate de pé mesmo. Juntos na mesa estavam quatro referências brasileiras em segurança pública: o coronel José Vicente da Silva, da Polícia Militar de São Paulo, o antropólogo Luiz Eduardo Soares, o historiador Ricardo Balestreri e, como mediador, o diretor do Instituto Sou da Paz, Denis Mizne.

Além da verve afiada, os três palestrantes têm em comum já terem chefiado a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp). O debate entre os dois ex-secretários – José Vicente e Soares - e o atual - Balestreri - foi um dos eventos mais concorridos do IV Encontro Anual do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, realizado em março, em São Paulo.

Apesar das boas intenções reconhecidas mutuamente, os especialistas não falam em uníssono. Enquanto Soares e Balestreri alinham seus discursos na ênfase à prevenção da violência, o coronel defende o foco na repressão. “Foi um bom choque de ideias", ironizou o militar, que esteve à frente da Senasp de julho a dezembro de 2002. Ele diverge dos cientistas sociais de que o esforço principal para reduzir a violência no país deva ser um conjunto de atividades na área social. A seu ver, essa missão cabe principalmente à pasta da Educação.

"Quem se volta para a segurança pública deve entender de forma fria os dados da realidade e dar respostas eficientes aos criminosos", afirmou. O coronel considera o crime uma opção, e não uma falta de opção. "Por que 97% dos moradores de favela trabalham honestamente?", questionou.

Segundo ele, a prioridade no combate ao crime deve ser o investimento em inteligência e na qualificação do policial. "É preciso ter um sistema que informe os pontos de incidência criminal para que se possa mandar para estes locais um policiamento inteligente, com policiais bem preparados, que queiram fazer bem feito. Isso expande a capacidade de resposta", explicou.
Muita bílis, poucos neurônios
O atual secretário, Ricardo Balestreri, fez duras críticas à “má gestão histórica da segurança pública”, que é feita pelos estados. Ele classificou como “um desastre” a gestão contemporânea, que, segundo ele, investe muito mal um total de mais de R$ 20 bilhões por ano. “Segue-se o senso comum, que quer a impressão de que algo vai mudar, por exemplo, comprando viaturas”, disse. Para ele, o problema central da gestão da segurança pelos estados é a substituição do pensamento estratégico pelo tático-operacional.

“Estão correndo atrás do próprio rabo. O pensamento tático operacional só tem valor se estiver no rabo do pensamento estratégico. Nos últimos 40 anos, a segurança pública foi feita com o fígado e a bílis, e não com o cérebro e os neurônios. Não se faz gestão sistêmica, se aplaca a revolta popular”, afirmou. O secretário acrescentou que o 190 é “um importante serviço de consolo da vítima”.
Fuzil, complexo fálico
Balestreri, que comanda a pasta desde julho de 2008, criticou ainda “a tese estúpida da equivalência bélica”. “Os bandidos não têm senso moral, mas nós temos obrigação de ter. A insistência por fuzil é um problema de complexo fálico”, alfinetou. Segundo o secretário, a Senasp não gasta mais com armas de guerra, como o fuzil 762, cujo projétil alcança quatro quilômetros de distância. Para ele, o objetivo é reduzir a letalidade.

Outro caminho nessa direção, segundo Balestreri, é a polícia de proximidade. “Quando falava disso anos atrás, era tratado como romântico. Quando disse que a polícia do Rio era espetaculosa, fui tratado com deboche. Hoje, o Rio resolveu testar e agora há mais de 150 mil pessoas vivendo em áreas pacificadas. Quando há pouco efetivo, a polícia se nutre da população com policiamento comunitário”, disse.

Sobre a Polícia Civil, Balestreri lamentou que ela tenha sido “cartorializada”. “A Polícia Civil foi sequestrada de suas funções mais nobres, investigativas. As carceragens são uma consequência dessa cartorialização”, afirmou.

Reforma para o ciclo completo de polícia

O professor Luiz Eduardo Soares, que comandou a pasta entre janeiro e outubro de 2003, defendeu grandes reformas no atual modelo de polícia e propôs a integração das polícias Civil e Militar, de forma que o trabalho policial possa ter o chamado “ciclo completo”. De acordo com Soares, as estruturas organizacionais atuais se contrapõem à eficiência e a rigidez hierárquica colide com a flexibilidade criativa da autonomia na ponta, que precisa ser respeitada.

“Descentralização é chave. O modelo militar só faz sentido no Exército e não combina com o pronto emprego da força. É preciso combinar hierarquia com descentralização e trabalhar a integração repensando carreira e valorização profissional”, disse.

Segundo ele, foi comprovado em pesquisa acadêmica que 70% dos policiais querem mudanças. “Os policiais não aguentam mais a fratura, a dicotomia. Quem fala em mudança está sintonizado com a grande maioria”, garantiu.

Soares falou ainda sobre a importância do município na segurança pública e criticou o “absurdo silêncio constitucional” sobre o tema. “A Guarda Municipal está no limbo, num espaço híbrido”, afirmou. Ele citou também como pontos fundamentais a serem desenvolvidos a gestão do conhecimento, a produção de dados, a valorização da perícia, o controle externo da polícia, a transparência, a participação da sociedade na segurança pública, a articulação do sistema de justiça criminal e a questão carcerária.

Mais presos e mais prisões

O sistema carcerário é outro ponto de discórdia entre os secretários civis e o militar. Para o coronel José Vicente, é necessária e urgente a construção de mais prisões, para que a polícia possa prender mais criminosos. Pelos seus cálculos, levando em conta ser necessário um presídio para cada 500 presos, deveriam ser construídos 80 presídios por ano nos próximos cinco anos, já que faltam 400 para abrigar os 200 mil presos sem vaga no Brasil.

Segundo ele, durante cinco anos, o estado de São Paulo chegou a construir um presídio por mês e hoje tem o dobro da taxa de presos que o Rio. "São Paulo prende muito e mata pouco, enquanto no Rio é o contrário. São Paulo prende 120 mil pessoas por ano, o Rio 15 mil", completou.

Já Soares e Balestreri questionam abertamente o excesso de prisões feitas no Brasil, principalmente por tráfico de drogas, que lotam o sistema carcerário de presos primários e pegos em flagrante desarmados. Segundo Balestreri, a prisão tem um caráter “criminógeno”, sendo definida pelos próprios presos como uma "faculdade de crime".

O atual secretário Nacional de Segurança defende a despenalização do pequeno traficante. Já Luiz Eduardo Soares vai mais longe: é a favor da legalização das drogas para que elas deixem de ser matéria de polícia, prisão e guerra e passem a ser questão de saúde pública, educação, cultura e informação.

Necessidade de qualificação é consenso
O consenso de que a sociedade precisa de uma estrutura policial de qualidade, com qualificação profissional e sem desvios e letalidade, foi enfatizado pelo coronel José Vicente. Ele contou que a Polícia Militar de São Paulo aumentou de seis meses para dois anos o período de formação policial.

"A polícia é um grande instrumento, uma conquista do século XIX. Em qualquer contexto social os delitos vão acontecer. Enquanto a sociedade não resolver seus fatores criminógenos, serão necessários instrumentos para contenção, como polícia e prisões, para o processo de civilização. Não adianta subestimar e enfraquecer a polícia, ela precisa ter um papel central. Se não houver recursos nem salários adequados, ela controlará cada vez menos o crime", concluiu.

Balestreri contou que hoje a Senasp investe mais de 60% do seu orçamento em formação de capital humano. Ele disse que luta pelo estabelecimento de um piso salarial nacional, mas ainda sofre resistência dos estados.
Fonte: Comunidade Segura

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Questões sobre o toque de recolher em Contagem - MG

Comerciantes reabrem as portas após o toque de recolher ser suspenso pelos próprios traficantes mesmo com a ocupação da Polícia Militar. Diante a obediência civil ao comando do crime, indiferente aos esforços do policiamento no bairro, é relevante questionarmos o que causou essa falta de credibilidade na proteção policial. A atividade policial é essêncial em vários aspectos, sobretudo na economia. Quase um terço da projeção de faturamento do comércio local ficou comprometido pela insegurança inerente às ações do tráfico e paralelamente à falta de sensação de segurança com a resposta policial. É prudente questionar também o que ocorreu do ponto de vista da prevenção e repressão ao crime para que a organização criminosa local se fortalecesse ao ponto de afrontar o Estado e ferir o direito de ir e vir e o direito de trabalhar.
Quanto aos intelectuais e estudiosos da violência e criminalidade, aos gestores públicos municipais e estaduais resposáveis pelas políticas públicas sociais e a comunidade local jutamente com a polícia, cabem aproveitar a oportunidade e iniciarem um trabalho integrado e contínuo envolvendo a prevenção criminal e ações sociais.
A quebra de confiança na relação comunidade-polícia proporciona uma sensação social de abandono que leva a insegurança. Em reação natural a esse sentimento, a comunidade aceita o pacto imposto pelos agentes criminosos na expectativas de sentirem seguros enquanto obedecem. Resta a polícia ocupar novamente o seu espaço e reconstruir o sentimento de segurança que proporciona o bom funcionamento do organismo social mantendo assim também a coesão social.
André Silva

Tráfico suspende toque de recolher em Contagem


Alfredo Durães - Estado de Minas


Depois de nove dias de toque de recolher imposto por traficantes e o cerco geral da Polícia Militar, lojas, bares, oficinas, escritórios, escolas e postos de saúde voltam a funcionar nesta segunda-feira nos bairros São Mateus, Estrela Dalva e Tijuca, em Contagem, na Grande BH. Durante esse período, mais de 60 mil moradores só saíram para o trabalho, sendo obrigados a viajar para regiões vizinhas para comprar comida e remédios. Mesmo com a presença ostensiva de policiais militares durante o dia e à noite, comerciantes não se arriscaram a abrir a portas. A ação seria em represália ao assassinato de dois jovens.


Apesar de domingo ser dia de folga no comércio, padarias, bares e farmácias não deixam de funcionar pelo menos durante a manhã. Logo depois da morte de dois jovens, um ônibus foi queimado e o comércio fechou totalmente, sendo que nem mesmo prestadores de serviço, como oficinas mecânicas, funcionaram.


Este é o toque de recolher mais prolongado na Região Metropolitana de Belo Horizonte, de acordo com a Polícia Militar, que aumentou seu efetivo na região, com a presença de agentes do 18º Batalhão, Regimento de Cavalaria, Batalhão Rotam e Companhia de Missões Especiais. Alguns militares usavam no domingo armamento pesado, como fuzis Imbel 556. Também uma viatura do Departamento de Narcóticos da Polícia Civil fez ronda nos bairros. Militares do Batalhão Rotam, com uma lista de suspeitos, estiveram no domingo em várias casas, mas ninguém foi preso. Apenas algumas igrejas católicas e evangélicas abriram as portas.


Segundo moradores, circulou domingo nos três bairros a notícia de que os traficantes suspenderiam nesta segunda-feira o toque de recolher, liberando o funcionamento do comércio. Uma jovem, que pediu para não ser identificada, disse que a notícia é comemorada por todos, já que a população está com dificuldades para comprar gêneros de primeira necessidade. “Temos de ir de ônibus até o Bairro Confisco para adquirir alguma coisa. O problema aqui é que ninguém confia na proteção da polícia e ela, muitas vezes, não é nem um pouco simpática. Há uns 15 dias, por exemplo, a PM chegou aqui neste beco e pegou uns garotos, todos novos, e fez com que ficassem de joelhos e com as mãos na parede por mais de 15 minutos. E todo mundo passava e via a humilhação dos meninos, o que causou muita revolta”, disse.


Assassinato


Apesar do policiamento reforçado em toda a área, o ajudante de pedreiro Rogério Rodrigues Alves, 32 anos, o Cabelo, foi morto com oito tiros de pistola no Aglomerado Recanto da Pampulha, no Bairro Estrela Dalva. O crime foi no Beco Tupi, pouco depois das 20h de sábado. Uma testemunha do crime disse que os matadores eram dois e que, depois de fuzilar Rogério, saíram caminhando sem pressa com as armas na cintura.


O tenente Célio Araújo, do 18º Batalhão, disse no domingo que o crime provavelmente foi um acerto de contas. Apesar de dezenas de pessoas terem presenciado a saída dos assassinos depois dos disparos, eles não foram identificados pela polícia, já que ninguém quis testemunhar. “Todo mundo viu os autores. Os assassinos são conhecidos aqui, mas ninguém vai ser bobo de falar, a não ser que queira morrer antes da hora”, disse um rapaz.


segunda-feira, 5 de abril de 2010

Vídeo: Jornalista fotográfico da Reuters assassinado em 2007 por militares norte-americanos. Um crime de guerra e um atentado à liberdade de imprensa

Ao assistirmos cenas como essas devemos entender que ainda temos pelo que lutar mesmo em sociedades altamente desenvolvidas e ricas como a norte-americana. Jornalista fotogáfico da agência Reuters e seu motorista, além de outros homens incluindo duas crianças, sendo assassinados covardemente por militares dos Estados Unidos em seus helicóperos Apaches mesmo com toda a tecnologia capaz de distinguir insurgentes e civis. Os assassinatos de jornalistas sempre foram uma prática em locais de conflito bélico ou regimes políticos autoritários como as ditaduras que existiram na América Latina. Todos nós temos o direito a informação, a saber o que se passa ao nosso redor e em nações distantes, cada cidadão tem o direito de saber o que está acontecendo na política interna e externa de seu país, como estão sendo gastos os impostos, quais os problemas que necessitam de enfrentamento e o que seus representantes eleitos democraticamente estão discutindo pela nação, e são esses profissionais que se dedicam a garantir esse direito. Ainda que diante de tantos problemas que nos deparamos com a mídia, seja impressa, televisiva, digital ou radiojornalismo, nós enquanto cidadãos devemos defender a liberdade de imprensa, a exposição livre do pensamento, o direito de expressão e lutar exigindo qualidade, responsabilidade, profissionalismo e contribuição social dessas empresas jornalísticas e seus profissionais. Somente sob o manto da liberdade de imprensa e da não censura é que poderemos discutir e amadurecer com relação à função dos meios de comunicação na sociedade. Lamentamos que jornalistas como esses ainda estão tendo suas vidas ceifadas por senhores da guerra criminosos que matam esses profissionais como estratégia da guerra da informação.

domingo, 4 de abril de 2010

Já pensou se Estado Brasileiro fosse indenizar cada preso por violação dos Direitos Humanos? Certamente teríamos um país mais justo.

Damages award for rights breach drug dealer

By Pat Hurst and Margaret Davis, Press Association

A convicted drug dealer was awarded £880 compensation by a European court which ruled her human rights were breached by a British judge.

Susan Allen, 39, from Liverpool was charged with conspiracy to supply cocaine in October 2005.

She was granted bail at Liverpool City Magistrates' Court, but this was contested by the Crown Prosecution Service (CPS).

Four days later an appeal hearing took place at Liverpool Crown Court where Judge Henry Globe denied Allen the chance to appear.

According to the European Court of Human Rights decision, he said: "What do you want me to do if I were to ask her to come up into the dock, just look at her? Does that add anything to anything that you are suggesting?

"I have a very clear picture of the sort of person who is going to walk into the dock. No doubt she is going to be very worried. It must be a very intimidating experience for anybody of no previous convictions who has recently been taken into custody, to be brought into a court as large as this.

"I can imagine full well what is going to happen when she walks in. But given the fact that I can imagine that, and I have seen it happen many times, what else am I going to notice?"

Allen claimed she should have been allowed to attend the hearing because she potentially faced a long period in prison before her trial for drug dealing.

Under domestic law, a defendant is not allowed to attend appeal hearings about their bail unless there are "exceptional circumstances".

But on Tuesday a panel of seven judges in Strasbourg found "fairness required that the applicant's request to be present at the appeal be granted".

It award Allen 1,000 euros (£880) compensation which the Government must now pay.

She was sentenced to four years in prison in 2007 for two counts of conspiracy to supply class A drugs.

A Ministry of Justice spokeswoman said the Government will now consider whether to change court rules which set out when defendants have the right to appear.

She said: "We are considering the judgment. It is for the Criminal Procedure Rule committee to consider if changes to the rules are necessary."

Fonte: The Independent
http://www.independent.co.uk/news/uk/crime/damages-award-for-rights-breach-drug-dealer-1934516.html