Foto: Reuters / Sérgio Moraes

terça-feira, 30 de março de 2010

O lucro da droga

O relatório mundial sobre drogas, divulgado no mês passado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), lança um pouco de luz sobre o problema dos entorpecentes em nosso país. Há hoje uma unanimidade entre pesquisadores e órgãos policiais de que é preciso melhorar o controle sobre nossas fronteiras. Sabe-se, por exemplo, que 80% das 40 toneladas de cocaína consumidas no Brasil anualmente provém da Bolívia; que cerca de 45 % das apreensões de maconha realizadas pela Polícia Federal ocorrem na divisa do Paraguai com Mato Grosso do Sul.
Por outro lado, levantamento realizado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) demonstra que, dos 13 crimes mais comuns em áreas de fronteiras, o tráfico de drogas desponta na liderança. Em segundo lugar, destacam-se o roubo de cargas e veículos. O estudo da SENASP aponta, ainda, que alguns delitos, como o tráfico de pessoas e a exploração sexual são mais localizados, assim como a evasão de divisas que, surpreendentemente, foi verificado apenas no Amapá e no Rio Grande do Sul. O relatório do UNODC alerta também para o fato de que praticamente a metade (48%) dos usuários de drogas injetáveis no país são portadores do vírus HIV. Os esforços policiais devem ser registrados: o Brasil está entre os países que mais apreendem cocaína (17 toneladas) e ecstasy (210 mil comprimidos apreendidos em 2007) no mundo. Por outro lado, a maconha, que tantos defendem levianamente a descriminalização, já é consumida por quase um décimo (7,7%) dos jovens entre 15 e 16 anos.
Essa disseminação da droga pode, entre outros fatores, ter explicação econômica. A pesquisa do escritório das Nações Unidas esclarece que a maconha, comprada no atacado (principalmente do Paraguai) por 150 dólares/quilo, chega a render 300 dólares após a venda pelos traficantes em média, ou seja, o dobro. O mesmo ocorre com o crack, cujo lucro triplica (de 2.000 a 6.000 dólares/quilo), e a cocaína, cuja “distribuição” (12.000 dólares) significa o quádruplo do preço de atacado (de 3.000 dólares/quilo).
* Texto originalmente publicado no Jornal de Brasília, de 19 de março de 2010, página 2.
Fonte: Fórum Brasileiro de Segurança Pública
http://www.forumseguranca.org.br/artigos/o-lucro-da-droga

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