Foto: Reuters / Sérgio Moraes

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Antes tarde ( Doa Kramer)

Dora Kramer - O Estado de S.Paulo
Entusiasmo é material perecível, assim como senso crítico é matéria prima indispensável ao desenvolvimento da humanidade. Agora, desqualificar o trabalho das forças estadual e federal no combate ao poder do tráfico no Rio de Janeiro na última semana é, além de uma atitude retrógrada, um exercício de crítica à deriva. Um equívoco, sobretudo.
São poucos, mas ainda há focos de resistência ao reconhecimento de que o que houve no Rio significou um avanço incontestável em relação ao que estávamos acostumados a ver. Principalmente nos últimos 20 anos, quando o crime já havia consolidado suas posições e as autoridades ainda resistiam - por incompetência, compadrio ou indiferença - ao enfrentamento.
Embora seja pertinente o questionamento sobre as razões pelas quais não houve antes uma atuação semelhante às retomadas dos territórios de Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão, na região da Penha, zona norte da cidade, a mera repetição dessa pergunta não leva a lugar algum.
Melhor que perguntar por que o Estado não agiu antes é cobrar das autoridades a continuidade desse tipo de ação. No País todo. Já ficou demonstrado que o poder público, quando quer e se empenha, ganha sempre.
É mais forte que o crime. Detém a legitimidade da força e, a despeito de enfrentar a "desvantagem" da obrigação de atuar dentro da lei frente a um inimigo livre dos ditames legais, é infinitamente superior a ele.
Portanto, não há mais daqui em diante nenhuma justificativa para que não se prossiga nesse combate. Muito menos existem quaisquer explicações para que o governo federal em conjunto com os governadores não elabore e institua uma política de segurança pública de caráter nacional e com sentido prioritário.
Essa é uma tarefa que se impõe ao governo de Dilma Rousseff. Depois de 16 anos consecutivos de fracassos na área, nos governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio da Silva, é hora de a sociedade aplicar o critério da tolerância zero em relação à responsabilidade dos governantes no cumprimento do dever constitucional de garantir o direito à vida aos cidadãos.
Isso abrange a inclusão de diferentes áreas: legislativa, judicial, trabalho de fronteiras, posição do Brasil em relação aos países que exportam drogas e não fazem o combate necessário à exportação de armas, combate duro aos barões da criminalidade, o expurgo da corrupção (da polícia, da política, do Judiciário), sem prejuízo também de se revelar responsabilidades sobre décadas de omissão.
A população que não sofre na pele a escravidão pelos traficantes no cotidiano parou de considerar o bandido um herói e, de um modo geral, a mentalidade em relação à defesa dos direitos humanos está se alterando: há o viés social, mas não há que se desprezar o poder da repressão.
A cultura do protesto vão - passeatas da elegantzia e da intelligentzia que o ex-chefe de polícia Hélio Luz denunciava por "protestar de dia e cheirar à noite" - deu lugar à participação objetiva e mais que efetiva por intermédio do Disque-Denúncia.
A polícia, por sua vez, começou a atuar como aliada do cidadão, substituindo a arbitrariedade pela inteligência e o planejamento estratégico, sob um comando sério e integrado.
Nada está resolvido, mas está provado que o Estado sabe o caminho. Se não enveredou por essa trilha até hoje, a hora é agora. Sem recuos, pois as condições estão postas e o rumo da recuperação da soberania do Estado está dado. Sem margem para ambiguidades.
Dona da casa. De Lula a FH, muitos se arvoram o direito de dar conselhos públicos à presidente eleita. Não fica bem.
Mais não seja no que tange ao ex-presidente, porque ele pertence à oposição. Derrotada e "eleita" para se opor.
No Twitter. @DECUBITO: "Que a polícia tire os bandidos das ruas e o povo tire os bandidos da política." 
Fonte: Estadão

domingo, 28 de novembro de 2010

Crônica do Arnaldo Jabour como uma entrevista com o traficante Marcola - A realidade !!!





Leia a interessante entrevista com o líder do PCC, Marcola, ao jornal O Globo.
A entrevista foi extraída do infame blog (A)berração. Segue abaixo a entrevista:

Jornal: O GLOBO
Editoria: Segundo Caderno
Edição: 1, Página: 8

23/05/2006

Estamos todos no inferno. Não há solução, pois não conhecemos nem o problema

O GLOBO: Você é do PCC?

- Mais que isso, eu sou um sinal de novos tempos. Eu era pobre e invisível… vocês nunca me olharam durante décadas… E antigamente era mole resolver o problema da miséria… O diagnóstico era óbvio: migração rural, desnível de renda, poucas favelas, ralas periferias… A solução é que nunca vinha… Que fizeram? Nada. O governo federal alguma vez alocou uma verba para nós? Nós só aparecíamos nos desabamentos no morro ou nas músicas românticas sobre a “beleza dos morros ao amanhecer”, essas coisas… Agora, estamos ricos com a multinacional do pó. E vocês estão morrendo de medo… Nós somos o início tardio de vossa consciência social… Viu? Sou culto… Leio Dante na prisão…

O GLOBO: – Mas… a solução seria…

- Solução? Não há mais solução, cara… A própria idéia de “solução” já é um erro. Já olhou o tamanho das 560 favelas do Rio? Já andou de helicóptero por cima da periferia de São Paulo? Solução como? Só viria com muitos bilhões de dólares gastos organizadamente, com um governante de alto nível, uma imensa vontade política, crescimento econômico, revolução na educação, urbanização geral; e tudo teria de ser sob a batuta quase que de uma “tirania esclarecida”, que pulasse por cima da paralisia burocrática secular, que passasse por cima do Legislativo cúmplice (Ou você acha que os 287 sanguessugas vão agir? Se bobear, vão roubar até o PCC…) e do Judiciário, que impede punições. Teria de haver uma reforma radical do processo penal do país, teria de haver comunicação e inteligência entre polícias municipais, estaduais e federais (nós fazemos até conference calls entre presídios…). E tudo isso custaria bilhões de dólares e implicaria numa mudança psicossocial profunda na estrutura política do país. Ou seja: é impossível. Não há solução.

O GLOBO: – Você não têm medo de morrer?

- Vocês é que têm medo de morrer, eu não. Aliás, aqui na cadeia vocês não podem entrar e me matar… mas eu posso mandar matar vocês lá fora…. Nós somos homens-bomba. Na favela tem cem mil homens-bomba… Estamos no centro do Insolúvel, mesmo… Vocês no bem e eu no mal e, no meio, a fronteira da morte, a única fronteira. Já somos uma outra espécie, já somos outros bichos, diferentes de vocês. A morte para vocês é um drama cristão numa cama, no ataque do coração… A morte para nós é o presunto diário, desovado numa vala… Vocês intelectuais não falavam em luta de classes, em “seja marginal, seja herói”? Pois é: chegamos, somos nós! Ha, ha… Vocês nunca esperavam esses guerreiros do pó, né? Eu sou inteligente. Eu leio, li 3.000 livros e leio Dante… mas meus soldados todos são estranhas anomalias do desenvolvimento torto desse país. Não há mais proletários, ou infelizes ou explorados. Há uma terceira coisa crescendo aí fora, cultivado na lama, se educando no absoluto analfabetismo, se diplomando nas cadeias, como um monstro Alien escondido nas brechas da cidade. Já surgiu uma nova linguagem.Vocês não ouvem as gravações feitas “com autorização da Justiça”? Pois é. É outra língua. Estamos diante de uma espécie de pós-miséria. Isso. A pós-miséria gera uma nova cultura assassina, ajudada pela tecnologia, satélites, celulares, internet, armas modernas. É a merda com chips, com megabytes. Meus comandados são uma mutação da espécie social, são fungos de um grande erro sujo.

O GLOBO: – O que mudou nas periferias?

- Grana. A gente hoje tem. Você acha que quem tem US$40 milhões como o Beira-Mar não manda? Com 40 milhões a prisão é um hotel, um escritório… Qual a polícia que vai queimar essa mina de ouro, tá ligado? Nós somos uma empresa moderna, rica. Se funcionário vacila, é despedido e jogado no “microondas”… ha, ha… Vocês são o Estado quebrado, dominado por incompetentes. Nós temos métodos ágeis de gestão. Vocês são lentos e burocráticos. Nós lutamos em terreno próprio. Vocês, em terra estranha. Nós não tememos a morte. Vocês morrem de medo. Nós somos bem armados. Vocês vão de três-oitão. Nós estamos no ataque. Vocês, na defesa. Vocês têm mania de humanismo. Nós somos cruéis, sem piedade. Vocês nos transformam em superstars do crime. Nós fazemos vocês de palhaços. Nós somos ajudados pela população das favelas, por medo ou por amor. Vocês são odiados. Vocês são regionais, provincianos. Nossas armas e produto vêm de fora, somos globais. Nós não esquecemos de vocês, são nossos fregueses. Vocês nos esquecem assim que passa o surto de violência.

O GLOBO: – Mas o que devemos fazer?

- Vou dar um toque, mesmo contra mim. Peguem os barões do pó! Tem deputado, senador, tem generais, tem até ex-presidentes do Paraguai nas paradas de cocaína e armas. Mas quem vai fazer isso? O Exército? Com que grana? Não tem dinheiro nem para o rancho dos recrutas… O país está quebrado, sustentando um Estado morto a juros de 20% ao ano, e o Lula ainda aumenta os gastos públicos, empregando 40 mil picaretas. O Exército vai lutar contra o PCC e o CV? Estou lendo o Klausewitz, “Sobre a guerra”. Não há perspectiva de êxito… Nós somos formigas devoradoras, escondidas nas brechas… A gente já tem até foguete anti-tanques… Se bobear, vão rolar uns Stingers aí… Pra acabar com a gente, só jogando bomba atômica nas favelas… Aliás, a gente acaba arranjando também “umazinha”, daquelas bombas sujas mesmo. Já pensou? Ipanema radioativa?

O GLOBO: – Mas… não haveria solução?

- Vocês só podem chegar a algum sucesso se desistirem de defender a “normalidade”. Não há mais normalidade alguma. Vocês precisam fazer uma autocrítica da própria incompetência. Mas vou ser franco…na boa… na moral… Estamos todos no centro do Insolúvel. Só que nós vivemos dele e vocês… não têm saída. Só a merda. E nós já trabalhamos dentro dela. Olha aqui, mano, não há solução. Sabem por quê? Porque vocês não entendem nem a extensão do problema. Como escreveu o divino Dante: “Lasciate ogna speranza voi cheentrate!” Percam todas as esperanças. Estamos todos no inferno.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Algumas análiste e avaliações na Carta Capital sobre o combate ao crime no RJ

A guerra no Rio e as distintas avaliações

CartaCapital acompanha e analisa os fatos, graças aos nossos colaboradores, parceiros e leitores. Leia aqui tudo o que publicamos e mande sua avaliação
O triste assunto da semana é a guerra deflagrada no Rio de Janeiro. Durante todo o dia desta quinta-feira 25 pudemos acompanhar ao vivo pela tevê a tomada pela polícia da favela da Vila Cruzeiro, tido como o principal ponto de tráfico da cidade. As cenas que todos vimos foram das mais impressionantes já transmitidas pela telinha, mesmo para nossos olhos acostumados com imagens quase diárias de confrontos entre policiais e bandidos pelo Brasil afora. Costume reforçado pelo cinema com seus Cidade de Deus e Tropa de Elite 1 e 2.
Na cobertura dos acontecimentos, CartaCapital opta, como sempre faz, pela análise dos fatos. Não pode, nem deve, nem quer competir com os grandes portais de notícias ou com a televisão. E na análise dos fatos, as visões que surgem são as mais distintas. Nossa referência editorial é o jurista Wálter Maierovitch, colunista da revista e do site, com trajetória mais que respeitável na área. Já publicamos aqui três artigos dele nestes dias. Mas há quem discorde e em questões tão complexas e graves é mais do que normal. Vocês viram aqui as avaliações do deputado carioca Marcelo Freixo, em duas entrevistas, uma delas de um mês atrás, antes do conflito ganhar esta proporção. Leram também a análise do ex-deputado federal do Rio de Janeiro Vladimir Palmeira. E a do nosso leitor e SÓCIO CAPITAL prof. José Cláudio Souza Alves, pró-reitor de Extensão da UFRRJ.
Se você não as leu, pode ler agora e formar sua opinião. E deixá-la aqui, neste espaço para COMENTÁRIOS. Enquanto isso continuaremos com um olho na tevê e outro na internet, em busca de análises e entrevistas com quem estuda o assunto.

Wálter Maierovitch, em 25/11/2010: Rio: onda de ataques já atingiu finalidade.
Walter Maierovitch, em 26/11/2020: A represália do crime organizado.

Marcelo Freixo, em 25/10/2010: Um deputado no olho do furacão.

Marcelo Freixo, em 24/11/2010: Caso para o serviço de inteligência.

Vladimir Palmeira, em 25/11/2010: Onde foram parar todos os criminosos.
Prof. José Cláudio Souza Alves, em 25/11/2010: Violência no Rio: a farsa e a geopolítica do crime.
Mauricio Dias, em 26/11/2010: Como em Canudos
Plínio Arruda Sampaio, em 26/11/2010: Caçada na favela da Vila Cruzeiro

Fonte: Carta Capital

Sugiro que a operação policial carioca termine ocupando e limpando o Congresso...

A operação policial desencadeada no Rio de Janeiro, integrada com as forças armadas, é um anseio na sociedade carioca e do Brasil. É lamentável ver que a iniciativa foi uma resposta a atos típicos de terrorismo praticados por bandidos em revolta às UPP´s. Digo lamentável por que a cidade maravilhosa está imersa em criminalidade a níveis altíssimos a anos e o sofrimento da população junto com o descaso dos governos com a segurança pública não motivaram nenhuma ação energética dessas. 

Uma resposta para mundo está sendo dada com essa operação tão desejada pelo povo carioca. Mas e a resposta ao povo brasileiro? E quando a Copa passar? E quando as Olimpíadas acabarem?

Enquanto isso no Congresso políticos entendem que não dá mais para enrolar os policiais quanto a um piso nacional. Aliás, sugiro que essa mega operação continue no Congresso Nacional... 

André Silva

Lula envía al Ejército de Tierra para reforzar la guerra contra los traficantes en Río

Foto de Wilton Júnior/AE

Los habitantes de las favelas aplauden el paso de los carros de combate después de cinco días de disturbios

JUAN ARIAS - Río de Janeiro - 26/11/2010


El presidente brasileño, Luiz Inácio Lula da Silva, enviará 800 soldados del Ejército de Tierra a Río, además de dos helicópteros militares y más tanques de guerra, para reforzar la acción de la policía y de los efectivos de Marina que intervienen en la batalla desencadenada el domingo en las favelas. Las dos grandes facciones de traficantes de droga se han juntado para declarar la guerra al Estado bajo el lema Unidos por la droga.

Río lleva en guerra ya seis días. Anoche, nuevas acciones terroristas recorrieron la ciudad. Al menos 45 coches y autobuses han sido incendiados en las últimas 24 horas y se han sucedido tiroteos contra la policía que patrulla las calles casi desiertas. El 95% de los autobuses públicos se quedaron anoche en los garajes por temor a nuevos ataques.
"El miedo se palpa en las caras de los cariocas", escribe el diario O Estado de Sâo Paulo. Una madre aconseja a su hija al salir para trabajar que, si paran su autobús y se acerca algún traficante con un tanque de gasolina, se arroje enseguida por la ventana. Se lo dice ya con la rutina de quien le advierte que se ponga el jersey si siente frío.
El secretario de Seguridad de Río, José Beltrán ha anunciado que la batalla en el Complexo Alemáo, la favela donde se centra la lucha, considerada la Franja de Gaza de Río, va a continuar hoy. Se calcula que allí se concentran cerca de mil traficantes. El secretario no ha querido dar datos concretos "para preservar la seguridad de los militares".
La opinión pública es unánime: esta vez, las fuerzas del orden no pueden volverse atrás y tienen que ganar la guerra. No basta una victoria más, como a las que estaban acostumbrados, para constatar después, desilusionados que el dragón del narco vuelve a levantar con mayor fuerza. Por primera vez en la triste y violenta historia de la lucha contra los traficantes, esta vez los habitantes de las favelas, donde ayer entraban los tanques de guerra, salió de sus casas hasta en ropas menores, para aplaudir a policías y militares y ofrecerles agua. Antes se encerraban a cal y canto en sus chabolas.
Hasta ayer, quienes viven en las favelas tenían más miedo de la policía que de los traficantes. Los primeros entraban disparando a discreción, matando con total impunidad a camellos e inocentes, y después volvían a sus cuarteles; a los segundos se les veía a veces como mecenas de los más necesitados, para quienes acometían acciones sociales. Desde las garitas de los tanques, los soldados gritaban ayer a la población, "esta vez estamos entrando para ganar la guerra" y la gente les aplaudía y hasta bendecía.
Los brasileños que acaban de ver en masa la segunda parte del film Tropa de Élite, con diez millones de espectadores en 40 días, creían que estaban asistiendo de nuevo a la película. Cientos de traficantes huían a pie o se escondían en el campanario de Penha, los médicos del hospital Getulio Vargas de la Penha preferían dormir en el hospital por miedo a volver a sus casas. Esta mañana esos eran los temas de conversación en la calle, en los taxis y en los cafés de los ciudadanos de todo el país.
"Ayer fue un día en el que la realidad imitó al arte" escribe esta mañana el comentarista político de O Globo, Merval Pereira. "Fue también el día en que la población, como un todo, tomó conciencia por vez primera de la gravedad de la situación, que hasta ahora era sentida sobretodo en la carne de los habitantes de las favelas", comenta.
Fonte: El Pais

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Enquanto o Rio vira praça de guerra o Ministro Guido Mantega diz que polícia ganha bem!!! É uma piada...


Edição do dia 24/11/2010
24/11/2010 21h18 - Atualizado em 24/11/2010 21h18

Ministro Guido Mantega fala sobre corte de gastos em 2011


Em entrevista exclusiva ao Jornal Nacional, ele discutiu temas como o corte de despesas, salário mínimo e desafios para a área econômica.



Após a apresentação dos primeiros nomes do futuro governo, o ministro Guido Mantega falou com exclusividade ao repórter Heraldo Pereira, e disse que 2011 será de austeridade e corte de gastos.
Heraldo Pereira: Alguns dos maiores desafios que o ministro da Fazenda terá pela frente estão no Congresso Nacional. Há, na Câmara e no Senado, vários projetos que aumentam os gastos públicos, que aumentam as despesas. Sabemos, não é ministro Guido Mantega, que 2011 teria que ser um ano pra cortar despesas?
Guido Mantega: Exatamente. Nós estamos empenhados em preparar um programa em que nós vamos reduzir uma série de despesas, principalmente de custeio, de modo que nós possamos realinhar o orçamento, porque nos últimos dois anos nós gastamos um pouco mais. Foi ano de recuperação da crise, o Estado tinha que ter presença maior, dando maior subsídio, mais gastos. Agora, nós vamos consolidar, fazer uma consolidação fiscal.
Heraldo Pereira: Como que o senhor vai fazer com a proposta de aumento pra servidores do Judiciário, que pode implicar em aumento de gasto pra toda máquina, também de policiais?
Guido Mantega: Pois é, esse é o problema, porque, além de cortar gastos que já existem, nós ainda temos que impedir que novos gastos sejam feitos.
Heraldo Pereira: É proibido o gasto?
Guido Mantega: Não, dentro do governo não. Nós vamos reduzir, não vamos aumentar, vamos reduzir. Mas temos que evitar que estas leis, estes projetos sejam aprovados, caso contrario, não adianta nada. Diga-se de passagem, o funcionalismo está ganhando bem. Nós aumentos durante o governo Lula, várias vezes, o funcionalismo do judiciário, do legislativo, do executivo. Então é o momento de dar uma parada: no ano de 2011, nós não estamos prevendo aumento pro funcionalismo.
Heraldo Pereira: Salário mínimo, qual é o valor?
Guido Mantega: Salário mínimo, o valor é R$ 540. Não dá para subir mais, porque senão aumenta os gastos da Previdência.
Heraldo Pereira: Qual vai ser o maior desafio da área econômica no próximo ano?
Guido Mantega: O maior desafio é manter este crescimento sustentável que nós conquistamos nos últimos anos. Então, na situação mundial, eu diria que é o maior desafio que temos para enfrentar.
Fonte: Jornal Nacional

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

La delincuencia es la mayor preocupación de Latinoamérica

ANA LORITE - Madrid - 03/11/2010

Un estudio revela que los ciudadanos han perdido el miedo a las asonadas


Que un 85% de la población latinoamericana avale la existencia de Fuerzas Armadas en sus países es una buena noticia. Significa que entre las opciones de los ciudadanos prevalece la democracia, en una región con una aplastante historia de caudillismo, y que los latinoamericanos están perdiendo el miedo a los golpes de Estado.


ste es uno de los hallazgos del sondeo realizado por la Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales (FLACSO) sobre Gobernabilidad y Convivencia Democrática en América Latina 2009-2010, presentado ayer en Madrid, en la sede de la Secretaría General Iberoamericana (Segib).
Según el sondeo de FLACSO, el principal problema para el latinoamericano es la presencia aplastante de la delincuencia y el narcotráfico en la región. Así lo considera un 67,5 % de los encuestados. "Es una preocupación apabullante, muy por encima incluso de cuestiones que han primado siempre en la zona, como el tema de la pobreza", declaró Enrique Iglesias, secretario general iberoamericano, que calificó la cuestión de "cuantificado impacto" ya que en estos momentos "la región es la más violenta del planeta". La cifra de homicidios aumenta progresivamente: cada vez mueren y matan más jóvenes menores de 29 años, lo que ha sido calificado de "genocidio juvenil".
El problema del narcotráfico y de la delincuencia, unidos a la debilidad de la instituciones, llevan a la destrucción de la sociedad. Francisco Rojas Aravena, doctor en Ciencias Políticas y secretario general de FLACSO, declaró durante la presentación del estudio que América Latina debe resolver sus problemas de iniquidad para poder trabajar con Europa.
El sondeo confirma que la institución que goza de mayor confianza entre los ciudadanos de América Latina son los noticieros de televisión. El 61,9% de los encuestados confía mucho en ellos y los considera un elemento fundamental para que los Gobiernos escuchen sus necesidades. Brasil es el país donde el impacto de los medios es mayor. El noticiero marca la agenda política, con la consecuencia negativa de que priman las soluciones a corto plazo: "la agenda", según Francisco Rojas, "pasa a ser reactiva" y las demandas de los ciudadanos, una vez satisfechas, desaparecen.
Rojas insistió en la necesidad de que grupos mediáticos, Gobiernos y agentes sociales encuentren "formas para evitar la banalización de la política" y se reduzca así la excesiva regulación de los medios en algunos países de la zona.
Este sondeo de opinión ha sido realizado por FLACSO en el marco de los objetivos del proyecto Gobernabilidad y Convivencia Democrática en América Latina, con el auspicio de la Agencia Española de Cooperación para el Desarrollo (AECID). El trabajo de campo lo llevó a cabo la empresa IPSOS, que realizó el estudio entre el 14 de noviembre y el 18 de diciembre de 2009 en 28 ciudades de 18 países latinoamericanos y entrevistó a unas 10.000 personas.
Los ponentes destacaron la importancia de este tipo de análisis, calificados de "cartas de navegación" necesarias para poder abordar los problemas de la región.

Fonte: El Pais

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O pseudo-esquerda Lula chama o piso nacional para as Polícias Militares de "pacote de bondades". Dilma se revelando?

Governo vai tentar barrar no Congresso 'bombas fiscais'

AE - Agência Estado
O governo vai tentar barrar, no Congresso, a aprovação de uma série de medidas que, somadas, prometem causar impacto de R$ 125,9 bilhões no Orçamento. A ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é para que a base aliada impeça o aumento de gastos públicos às vésperas da posse da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT).
"Eu sou a favor de não-medidas", afirmou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que vai integrar a equipe de transição do governo. "Precisamos discutir, por exemplo, por que dar reajuste de 56% para os servidores do Judiciário e onde vamos arrumar dinheiro para isso".
O tema espinhoso será posto hoje na mesa, durante reunião ministerial, quando Lula pedirá aos auxiliares que não deixem deputados e senadores de seus partidos aprovarem armadilhas para Dilma. Orçado em R$ 6,35 bilhões, o aumento do Judiciário, por exemplo, integra uma lista de projetos em tramitação no Congresso, que, no diagnóstico do governo, são bombas fiscais.
O pacote de bondades inclui propostas como a que fixa um piso nacional para policiais militares (R$ 20 bilhões por ano), recompõe o valor das aposentadorias pagas pelo INSS (R$ 88,3 bilhões) e equipara salários de delegados aos do Ministério Público (R$ 1 bilhão).
"É preciso evitar que isso seja aprovado. Se queremos manter a casa em ordem, como vamos criar bilhões em despesas?", perguntou Bernardo. "A ideia é orientar a base aliada a não votar propostas para as quais não haja recursos previstos. O Congresso precisa ter cuidado para não dar sinal verde a coisas que terão graves consequências depois." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. 
Fonte: Estadão

Tropa "da" Elite 2 - O Retorno

Lúcio Alves de Barros*

O filme "Tropa de Elite 2 - O inimigo agora é outro", clara continuidade do primeiro, é um chute daqueles no estômago da elite política e policial do Rio de Janeiro e do Brasil. Na verdade, ele não vai muito longe do que já sugeria o primeiro. Do traficante, que expulsou no final da década de 60 a boa gente dos morros cariocas, a ponto de optar pela vida da maresia garantida pela polícia, o segundo longa metragem de José Padilha, atinge em cheio o coração do estado de direito, chegando às barbas do legislativo e do executivo sedentos de votos e, por consequência, poder.

O longametragem traz novamente como protagonista o famigerado, teimoso e curado da síndrome de pânico, capitão Nascimento, interpretado por Wagner Moura, agora em sua versão de "coronel Nascimento". Dez anos mais velho e maduro ele aparece logo no início dessa jornada passando mal bocados devido a uma rebelião na penitenciária de segurança máxima Bangu 1. Como punição, ao contrário do seu pupilo "Matias" (André Ramiro) - expulso do Bope -ele "cai para cima" e recebe uma promoção passando - na realidade - a ser uma espécie de comandante geral do BOPE. Neste lugar ele monta uma verdadeira célula de guerra contra o tráfico e carrega a difícil função de reorganizar e canalizar recursos para o Batalhão de Operações Especiais. Aos poucos o cinéfilo mais atento vai percebendo que o Batalhão de outrora perde a centralidade da tela e, já como Subsecretário de Inteligência de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, o coronel Nascimento descobre que atirou no próprio pé. Ao armar até os dentes o BOPE, com o caveirão aparecendo como figura privilegiada da "metáfora da guerra" junto com um helicóptero a abater bípedes humanos, Nascimento custa a perceber que abriu caminho ou "limpou a área" para uma nova roupagem do crime, tão ou mais violenta que a dos traficantes, a polícia corrupta travestida de milícia que rouba o espaço público e privatiza as favelas, hodiernamente, chamadas de zonas quentes de criminalidade ou periferia pobre.

Os policiais corruptos pulam de um lado ao outro na máquina governamental.  Na tela, tanto o executivo como o legislativo se rendem ao "canto da sereia" da mídia e ao chamado populismo barato dos senhores do pedaço. Digo dos novos personagens milicianos que tomam a cena cobrando aluguéis, auxílios e apoio eleitoral àqueles que podem de uma forma ou de outra, manter as coisas tal como elas deveriam aparecer.

Longe do tráfico e com os tentáculos no lugar as milícias desenvolvem um sofisticado aparato de segurança privada movida a dinheiro e violência, de quebra, auxiliam sem maiores constrangimentos os políticos da ocasião os quais não deixam na lente de Padilha de ostentarem fortuna, luxo, mulheres e a boa vida.

A metralhadora do cineasta não é seletiva. Ela vai se descarregando para tudo quanto é lado. A morte do amigo leva Nascimento a buscar a verdade. Nas escutas que leva a efeito como chefe de inteligência descobre que além da responsabilidade da morte de Matias, a milícia providenciou com requintes de crueldade a morte de dois jornalistas que, para um bom observador, representam o calar dos mecanismos midiáticos nacionais em torno de fenômenos tão ostensivos.

O "herói" Nascimento, acostumado a matar aos montes os bobos do tráfico, aos poucos vai se rendendo ao grande poder que está em sua frente. Após deter a morte do deputado (interpretado porIrandhir Santos) que passou a denunciar as milícias e seus comparsas e também de ver cair nesse meio o próprio filho Rafael (o estreante Pedro Van Held), Nascimento, em uma emboscada não aparece desacompanhado e se livra por pouco da morte. Fato este que lhe enche de coragem para denunciar a "banda podre" da polícia e da política corrupta no Rio de Janeiro. Suas palavras são duras e acertadas no peito do deputado miliciano sem lugar e corajosamente joga a esperança de um final feliz na segurança pública no microondas recheado de corpos desde o primeiro filme. Na CPI, encontramos um coronel cansado, mas assertivo, corajoso e cheio de vigor ao denunciar que a maioria dos políticos presentes naquele plenário deveria estar atrás das grades.  E vai mais longe ao afirmar que a polícia do Rio de Janeiro deveria acabar revelando que o problema da criminalidade, da violência e do tráfico de drogas é muito mais complexo do que se pensava anteriormente. É óbvio que estamos no campo da ficção, mas não creio que diante de tantas notícias e acontecimentos no mundo real estamos distantes da realidade. E a realidade sugerida por Padilha é que a violência, a criminalidade e a corrupção na polícia, agora em franca associação com as autoridades, é mais do que uma pauta que se desenvolve sem muitas adequações. Talvez ela receba - como dito - outros personagens, tão ou mais fortes que os comandantes de outrora. Em tela, o poder se materializa em um governador conivente, em deputados ambiciosos, policiais assustadores e gerentes de polícia desqualificados, promíscuos e sem escrúpulos.

José Padilha talvez mereça todos os cumprimentos devido a sua coragem e talento. Neste, ao invés de culpar o que hoje chamamos de classe média pelo desastre das drogas e pelo financiamento do tráfico, ele acordou ou foi avisado pelos autores do livro que a questão da segurança pública é "campo minado" e cheio de surpresas nos quais os policias (especialmente os de baixa patente) nada mais são do que a ponta frágil e mortal do iceberg da corrupção no Estado quando ela se mistura com a segurança pública. Padilha sobe em ombros de gigantes (digo dos autores do livro "Elite da Tropa 2", Ed. Nova Fronteira - Luiz Eduardo Soares, Cláudio Ferraz e Rodrigo Pimentel) e observa um "brasil" desconhecido por muitos, notadamente, aquele no qual os políticos e as autoridades usufruem descaradamente e sem nenhuma vergonha ou inteligência de diversas situações no intuito de ganhar dinheiro e poder, mesmo que para isso o "crime desorganizado" precise se tornar organizado sem a mínima necessidade de esconder do público/vítima a corrupção, a crueldade, a violência e a matança.

* Professor de antropologia e sociologia na UEMG