Foto: Reuters / Sérgio Moraes

sábado, 29 de maio de 2010

Artigo de André Silva: Viu deus sangrar, agora os tubarões virão atrás do sangue


Faz poucas semanas assisti ao filme 'Homem de Ferro 2". Amante das produções cinematográficas, não me furto da oportunidade de tentar analisar todas as dicussões que um filme possa oferecer. No início do filme o vilão, muito bem interpretado por Mickey Rourke, se utilizando de tecnologia semelhante a da armadura do homem de ferro, interpretado por Robert Downey Jr, tenta aniquilar herói. Após belas cenas de combate entre praticamente duas máquinas, o vilão é derrotado e preso. No posto policial, durante o interrogatório, o herói blindado escuta do seu agressor que ele "perdeu". Porém, o mais interessante foi a explicação do preso que argumentava que o mundo "viu deus sangrar, agora os tubarões virão atrás do sangue". 

Diante das câmeras, em um evento esportivo de transmissão internacional, o mundo pôde ver o grande homem de ferro tendo que lutar com um inimigo com mesmo poder tecnológico e de fogo e, como dizem em Minas Gerais, "pular uma fogueira" para vencer. A tecnologia que antes era somente de domínio do bilionário Tony Stark, estava nas mãos do inimigo que agora sabia como destruir o poderoso homem de ferro. Exposta a fragilidade do bom moço e herói, todos, inclusive os inimigos, entenderam que o mundo não estava tão protegido o quanto acreditavam e nem a força tão forte o quanto imaginavam.

Na interpretação dessas fantásticas cenas podemos considerar a eterna rivalidade entre Russia e USA, o possível desenvolvimento da bomba atômica pelo Irã e os países do eixo-do-mal que aguardariam uma condição e oportunidade para destruir atomicamente o Tio Sam, a cultura bélico-tecnológica da única super-potência fascinada por dominar o mundo (e o espaço) e construir super-soldados invencíveis e até os ataques de 11 de Setembro que sangrou a bandeira americana à luz do dia e aos olhos de quem possuia acesso a qualquer meio de comunicação e que agora luta contra os tubarões que seguem seu sangue na Times Square.

Mas quero chamar a atenção do leitor para um outro deus que sangra em terras brasileiras, a polícia. Durante os anos de chumbo da ditatuda, mais o medo do que propriamente o respeito limitava a agressão a instituições militares e policiais que tinha expectativa de ser atacada por grupos armados de motivação política e contra o regime militar (a guerrilha) e não pelo criminoso comum. Esse tempo acabou e hoje vivemos em outra atmosfera política.

Em 2006, na democracia, nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, sob um comando centralizado e com uma ação coordenada e organizada, criminosos vitimaram dezenas de policiais em serviço em uma só noite. Centralizado por que partiu do comando de uma facção criminosa e organizado por que a ordem saiu de dentro do presídio. Nesse episódio a sociedade brasileira viu a sua força policial se humilhada e sangrar sobre as águas gerando notícia em jornais estrangeiros.

Hoje a polícia brasileira luta contra os tubarões que seguem o rastro de sangue para atacar como aconteceu recentemente com a Polícia Militar da Bahia, com a Polícia Militar de Minas Gerais nas pacatas cidades do interior e como vem ocorrendo na Polícia Militar do Rio de Janeiro. As motivações desse ataques vão de respresálias aos maus tratos sofrido pelos presos nas cadeias à drogados querendo roubar a arma do policial para pagar a dívida de drogas. 

A notícia recente de dois atentados contra policiais chamam a atenção para algumas realidades a cada dia mais nítidas e insuportáveis. A primeira notícia relata que uma recém-formada policial feminina da Brigada Militar do Rio Grande do Sul foi atingida por trás com uma barra de ferro enquanto realizava o policiamento a pé em Porto Alegre. O agressor teria escondido a barra de ferro na manga da jaqueta e ao passar pela policial a acertou na nuca, que levou nove pontos, e roubou sua pistola Taurus calibre .40 com 15 projéteis no carregador e fugiu. O criminoso é conhecido por cometer assaltos e teria saído em março de um albergue prisional.

A realidade concreta desse fato é a falência do sistema prisional aliada a leis ineficientes que proporcionaram a esse agente motivado a não só retornar ao mundo do crime, mas a retornar mais ousado atacando uma policial em via pública, de serviço, para rouba sua arma e poder cometer mais crimes. Esse fato demonstra toda a falha ou falência e a necessidade urgente de reforma do sistema criminal, penitênciário e policial brasileiro.

A segunda notícia está relacionada ao ataque a policiais militares cariocas por grupos armados (bem armados) para roubar fuzis. Esse fato demonsta um alto poder de organização criminosa diante da economia do crime. Segundo a reportagem, devido à repressão da Polícia Federal ao tráfico de armas, sobretudo na fronteira do Paraguai, o preço do fuzil teria aumentado, dobrado, pela falta do produto no mercado negro brasileiro. O ataque a instituições militares e policiais seria para adquirir esse tipo de armamento.

A triste realidade de que policiais mal remunerados, mal treinados, mal equipados e altamente exigidos estão sendo mortos pela economia do crime demonstra além da novamente falência de todo o sistema criminal, prisional e policial dita antes, o poder dos tubarões de manter as instituições de Segurança Pública acoada e a sociedade refém do medo. Talvez devessemos lutar por uma reforma política para que então possamos alcançar níveis satisfatórios de justiça, igualdade social e qualidade de vida.

Os tubarões estão sagrando deus todos os dias e a culpa é de quem? Quem pode oferecer proteção enquanto sangra nas turbulentas águas da segurança pública e luta contra grandes e pequenos tubarões que seguem o rastro?

André Silva 

PELAS COSTAS: A covarde agressão à lei


PM recém-formada foi golpeada com uma barra de ferro na nuca por homem que roubou sua arma

A covarde agressão à lei

PM recém-formada foi golpeada com uma barra de ferro na nuca por homem que roubou sua armaDesde jovem fascinada por filmes policiais, Patrícia Wrubleski tem um irmão soldado e um tio sargento, ambos no Exército. Natural que a mescla polícia e farda, tão presente na sua vida, induzisse a jovem a abraçar a profissão de PM. Sonho que virou drama ontem, quando a recruta recentemente promovida a soldado foi vitimada pela faceta mais brutal da carreira. Aconteceu à luz do dia, no centro de uma Porto Alegre cada vez mais violenta. Surpreendida pelas costas, Patrícia, fardada, foi agredida na nuca com uma barra de ferro empunhada por um assaltante, que a acertou para roubar sua pistola.

Poderia ser fim de linha. Mas a policial, com 21 anos recém-completados, resolveu mostrar que é dura na queda. Apesar da dor de cabeça intensa e das ânsias de vômito, Patrícia ajudou com uma descrição a identificar o suspeito. E não fala em desistir do ofício de combater o crime.

– Se pudesse, convencia ela a voltar para casa e procurar outra profissão. Mas também não posso me intrometer na vida da guria – diz a mãe, Mariloni, que ontem chorou “o que tinha de chorar” e espera Patrícia, neste fim de semana, com a comida predileta e o carinho familiar.

Agressor havia passado por ela sem levantar suspeitas e a pegou pelas costas

Casa, para Patrícia, é sinônimo de Ijuí, de onde saiu ano passado para fazer o curso de PM em Porto Alegre. Escolheu a Capital porque nela existiam 1,1 mil vagas para soldado, contra algumas dezenas na sua terra natal. Loira, Patrícia é chamada de Polaca por colegas, mas é de descendência russa. Nascida e criada na região missioneira, é a filha mais velha de um torneiro mecânico e de uma dona de casa. Uma vida sem privações, mas também sem muito conforto. Trabalha desde os 18 anos e até pensava em ser enfermeira, diz a mãe. Foi quando atuava como secretária numa fábrica de cosméticos, recém-formada no Ensino Médio, que Patrícia pensou pela primeira vez em se tornar policial.

Contribuiu para isso, além das fardas do irmão e do tio, a escolha do noivo, que atuava como PM temporário. Os dois se inscreveram no concurso da BM, foram aprovados e se deslocaram juntos para Porto Alegre para os seis meses de curso – aquele, que acaba de incorporar 3,5 mil novos soldados à BM. Foram tempos de muito sanduíche, muita ordem unida e continência batida, muito sol a pino enfrentado dentro de uniforme quente. Formados, viraram orgulho das famílias. Em tempos de soldo baixo e poucos rendimentos, revela a mãe de Patrícia, a PM e o noivo moram nos respectivos quartéis (ela, no 9º Batalhão de Polícia Militar, ele numa unidade dos bombeiros).

A ficha funcional de Patrícia mostra que ela fez uma detenção em janeiro, quando estava no treinamento. Foi na Rua Voluntários da Pátria, onde surpreendeu um vendedor de CDs piratas. É a rotina no Centro: vistoriar camelôs ilegais, correr atrás de batedores de carteira, auxiliar gente perdida, apartar briga. Mas ontem o crime mostrou à soldado seu lado cruel.

Sozinha, patrulhava a Avenida Farrapos, quase na esquina com a Rua Barros Cassal, quando foi atingida por uma pancada na nuca. Eram 9h30min e, conforme ela relatou a colegas, o golpe com uma barra de ferro foi desferido por um homem que havia passado por ela sem levantar suspeitas e a pegou pelas costas. Patrícia desmaiou na hora. O desconhecido, um moreno baixo e com calvície avançada, roubou a pistola Taurus calibre .40 com 15 projéteis no carregador e fugiu.

– Foi uma agressão covarde – desabafa o comandante do 9º BPM, tenente-coronel Rogério Maciel.

Maciel não acredita em falhas por parte de Patrícia. Ele diz que agressões pelas costas podem vitimar um civil, um PM novato ou um policial com 30 anos de carreira.

PMs encontraram na Barros Cassal o cano de ferro, recheado com terra para ficar mais pesado, que foi usado pelo criminoso. Tem 40 cm de comprimento e, segundo testemunhas, estava escondido numa manga do casaco usado pelo agressor.

Suspeito de cometer o crime saiu em março de um albergue prisional

O assaltante em fuga tentou parar um táxi, que o evitou. Aí ele entrou num lotação, percorreu duas quadras em direção ao bairro Floresta e desembarcou. O suspeito é um conhecido assaltante que saiu em março de um albergue prisional.

Socorrida por um colega que formava dupla com ela, Patrícia foi levada para o Hospital de Pronto Socorro (HPS). Vai levar como recordação seis pontos na nuca, um dia inteiro com ânsias de vômito, saudade de casa e a sensação de que a farda é para os fortes. Qualidade que, os colegas garantem, ela tem de sobra.

Colaborou Carolina Rocha

HUMBERTO TREZZI

Fonte: Zero Hora
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2919700.xml&template=3898.dwt&edition=14783§ion=1001

Preço alto de fuzis leva traficantes a atacarem a polícia no Rio


Traficantes do Rio de Janeiro passaram a atacar PMs nas ruas para reforçar seus arsenais ou repor estoque perdido durante operações policiais e confrontos com quadrilhas rivais. O ataques, segundo policiais ouvidos pelo R7, têm relação com o preço do armamento. No mercado negro, um fuzil sai por até R$ 60 mil no Rio de Janeiro.

Na última quarta-feira (26), criminosos metralharam uma base da PM em Anchieta, na zona norte, e roubaram três fuzis. Um policial morreu na hora e outros dois ficaram feridos. Os suspeitos foram perseguidos e acabaram mortos. As armas foram recuperadas. Segundo um capitão do serviço reservado do batalhão de Bangu, na zona oeste, o ataque foi motivado por "dinheiro fácil" para a obtenção dos fuzis.

Os criminosos eram da favela de Manguinhos, na zona norte, e pertenciam a uma das quadrilhas mais bem armadas do Rio, com cerca de 150 armas desse tipo. Segundo um agente da Drae (Delegacia de Repressão às Armas e Explosivos), armeiros que trazem fuzis de países vizinhos, como o Paraguai e a Bolívia, cobram R$ 40 mil pelo modelo russo AR-15 e, de R$ 50 mil a R$ 60 mil, pelos dos tipos AK-47, Fal ou G-3, os mais usados pelos criminosos cariocas. De janeiro de 1999 a setembro do ano passado, de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), 2.099 fuzis foram apreendidos no Rio - média de pouco mais de 200 por ano.

O agente diz o criminoso que perde um fuzil em operação da PM tem de recuperá-lo ou então pagar por ele. Desse modo, muitos tentam roubar as armas. Ao ataque desta semana se somam outros cujo objetivo foi roubar armas. Um deles ocorreu no dia 17 de janeiro quando bandidos atacaram PMs que estavam parados na avenida Paulo de Frontim, no Rio Comprido, na zona norte. Um policial acabou morto e uma carabina foi roubada.

'Fuzis inflacionados'

O chefe da Divisão de Repressão às Armas da PF (Polícia Federal), delegado Marcus Vinicius Dantas, afirmou ao R7 que, com repressão mais rigorosa ao tráfico de armas no país, o preço dos fuzis chega a ser o dobro do cobrado no Paraguai, de onde vem a maior parte das armas que abastecem os criminosos. Segundo ele, um fuzil calibre 556, como é o caso do AR-15, sai por R$ 15 mil no país vizinho, enquanto que os de calibre 762, como o AK-47 e G-3. custam de R$ 20 mil a R$ 30 mil. - Ficamos sabendo que, em São Paulo, por exemplo, o fuzil que custava R$ 5 mil passou a sair por R$ 20 mil em razão dessa repressão que estamos fazendo. De acordo com Dantas, uma metralhadora ponto 30 ou ponto 50 custa R$ 150 mil no Paraguai mas, quando vai para o Rio de Janeiro, sai pelo dobro do preço. Ele afirmou que a dificuldade de se obter o armamento tem se refletido em todo o Brasil em ataques a quartéis das Forças Armadas e a unidades da Polícia Militar. Para ilustrar, Dantas cita o caso da invasão a um quartel da PM em Salgueiro (PE), em outubro do ano passado, quando foram roubadas 58 armas, entre fuzis e pistolas.

Postado por Sgt Barbosa bo blog "Segurança Cidadania e Dignidade"
http://segurancacidadaniaedignidade.blogspot.com/2010/05/preco-alto-de-fuzis-leva-traficantes.html

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Esse é um posto policial de Ugnada, na África



Essa realidade dura é da segurança pública no país africano de Uganda. Qual será a realidade da Segurança Pública no Brasil na sua essência? Lembraria essa foto?

Fonte da foto: Anistía Internacional
http://www.amnesty.org/en/news-and-updates/report/victims-rape-and-sexual-violence-denied-justice-uganda-2010-04-06

Deputados querem que só polícia investigue polícia

Conselho formado principalmente por delegados ficaria responsável por[br]regular ação de policiais em todo o País; para MP, vai crescer a impunidade

Denise Madueño / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

Proposta de emenda constitucional aprovada ontem pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara acaba com o controle externo da atividade policial pelo Ministério Público e cria o Conselho Nacional de Polícia. O novo órgão, formado em sua maioria por policiais, acumulará poderes. Será responsável por elaborar a regulamentação da atividade, apurar denúncias contra policiais e abrir processos disciplinares.

A votação na comissão teve momentos tensos. O deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), delegado da Polícia Federal e um dos principais defensores da proposta, iniciou um bate-boca com o deputado José Genoino (PT-SP). Visivelmente alterado, Itagiba se levantou da cadeira e, aos berros, em direção a Genoino, mandou o deputado, que o interrompera, "calar a boca!". Itagiba ouviu de volta: "Cala a boca, o quê!? Aqui você não é delegado, não!", reagiu Genoino. A sala estava tomada por delegados que pressionavam pela aprovação da proposta.

Contrário ao projeto, Genoino argumentou que o conselho fere o pacto federativo, porque tira o controle da polícia hoje exercido pelos governadores. A indicação para o conselho é do presidente da República e, além disso, o relatório anual sobre a situação das polícias no País passará a ser encaminhado ao Congresso Nacional pelo presidente da República. "A polícia não é um poder autônomo, mas comandado por um poder civil eleito pelo povo. A polícia tem o poder do uso da arma", afirmou Genoino.

O deputado Flávio Dino (PCdoB-MA) afirmou que a proposta retira o poder hierárquico do governador sobre a polícia, que ficará submetida apenas ao conselho. "Teremos uma instituição de Estado (polícia) sem nenhum controle externo", afirmou Dino. Entre as consequências, o deputado aponta que o delegado ficará "senhor absoluto de todo o processo". O Conselho Nacional de Polícia, segundo o projeto, será formado por 17 integrantes, 10 deles delegados de polícia.

Ministério Público. O presidente da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), César Mattar Júnior, afirmou que a mudança aumentará a impunidade de policiais infratores. Ele aponta a aprovação da proposta como uma reação à atuação do Ministério Público, que vem punindo os policiais que cometem irregularidades. "A polícia não quer se submeter ao controle de ninguém. O controle deixará de ser externo, passará a ser interno e quem perde é a sociedade", afirmou Mattar Júnior.

O presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol), Carlos Eduardo Benito Jorge, criticou o controle externo da polícia feito pelo Ministério Público que, segundo ele, "só apura o que tem holofote, o que tem repercussão". Ele argumentou ainda que o controle a ser exercido pelo conselho será mais abrangente porque haverá representantes da sociedade. "O fato de a maioria ser de delegado não quer dizer que o conselho será corporativista", disse.

Partidos. A proposta, do deputado Régis de Oliveira (PSC-SP), foi aprovada com o apoio do PMDB, do PSDB, do PSB, do PP e do PSC. Genoino, Dino e o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) tentaram adiar a votação, mas foram derrotados. "O conselho é para reprimir o abuso de delegados de polícia", disse Oliveira.

REAÇÕES

Janice Ascari
Procuradora da República em São Paulo

"A polícia não quer e nunca quis o controle externo. O que esse projeto busca é diminuir o poder do Ministério Público, a exemplo de outros 1.200 projetos e emendas em tramitação"


Marilda Pansonato
Presidente da Associação dos Delegados de SP

"Ainda é o início de um processo, mas para nós essa aprovação já representa uma vitória. Não somos contra o controle, só não concordamos com a forma como ele é feito"


Carlos Alberto Camargo
Ex-comandante da PM de São Paulo

"Vejo com muita preocupação essas tentativas de burlar controles. Esse contexto "baicharelesco" da polícia só existe no Brasil. Isso precisa acabar"

Fonte: O Estadão

Comentário do blog:

Toda instituição em um Estado Democrático de Direito deve se submeter ao controle externo da sociedade. Dentro do contexto da necessidade de uma reforma na Segurança Pública é importante que se encontre formas de exercer esse controle social que não monopolize somente no Ministério Público nas também não se feche somente na própria polícia que já possui seu órgão corregedor que deve prestar contas (accountability) à sociedade. Está aí o desafio...

André Silva

Esse fala de Marina Silva para jornal "O Globo" pode consagrar ela como candidata dos profissionais de segurança pública do Brasil (e seus milhares de familiares)



"Não adianta ficar propondo puxadinho em cima de uma base que está completamente deteriorada. Defendo uma reforma na segurança pública para termos uma segurança de qualidade, baseada no princípio de defesa da vida" - Marina Silva, Candidata a Presidência da República do Brasil


Fonte: Jornal O Globo
http://oglobo.globo.com/pais/mat/2010/05/26/marina-defende-integracao-entre-pm-policia-civil-volta-criticar-blairo-maggi-916700604.asp

SEM DIREITOS HUMANOS: Anistia Internacional critica polícia no Brasil


No relatório anual de violações de direitos humanos no planeta divulgado ontem pela Anistia Internacional, o Brasil foi alvo de críticas à atuação da polícia. O documento diz que os policiais usam força excessiva, praticam execuções extrajudiciais e torturas com impunidade, além das prisões do país exibirem “condições cruéis, desumanas e degradantes”.

A organização não governamental reconhece que o Brasil tem feito, nos últimos anos, reformas na segurança pública, embora entenda que o alcance tem sido limitado, até porque a área teria sido negligenciada pelos governos durante muito tempo, de acordo com o organismo. A polícia, de uma forma geral, continuaria hostil, tendo oficiais envolvidos com o crime organizado e com grupos de extermínio.

– Essa é uma situação antiga e mal combatida no Brasil – disse Tim Cahill, especialista da Anistia.

Outro alvo de críticas da organização foi o comportamento do governo brasileiro em relação aos crimes praticados durante o período da ditadura militar (1964-1985).

“Diferentemente de muitos países da região, o Brasil não levou à Justiça nenhum dos acusados de grotescas violações dos direitos humanos cometidas durante os períodos anteriores de regime militar”, afirmou a entidade.

A referência enfática à necessidade de investigar os crimes da ditadura fez com que a Anistia Internacional encaminhasse cartas aos presidenciáveis José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV) pedindo investigação.

Fonte: Blog da Renata
 
Cometário do blog:
 
Até a Anistia Internacional reconhece a necessidade de uma reforma no sistema de segurança pública brasileiro...e os nossos políticos? e o Lula?
É difícil aceitar que alguém, conforme rumores na mídia, deseje estar a frente de um organismo como a ONU e um mundo em guerra se quando na frente de um país com profundos problemas de violência e criminalidade, com mortes superiores a regiões em conflito bélico, é adepto da inércia e amante do regresso.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Temer encerra reunião ‘secreta’ após vazamento pelo Twitter



Deputado publicou posts sobre discussões e desagradou a colegas.
‘Isso é coisa de araponga’, reclamou presidente da Câmara.

Eduardo Bresciani
Do G1, em Brasília


O uso do Twitter por um deputado causou polêmica em uma reunião de líderes da Câmara dos deputados nesta terça-feira (25). Nessas reuniões, até assessores de parlamentares são proibidos de entrar. O vazamento da reunião na internet provocou bate-boca dentro da sala e a reunião foi encerrada subitamente pelo presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP).

O tema em debate na reunião era a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que propõe a criação de um piso nacional para os policiais de todo o país. O impasse ocorre porque um grupo ligado à categoria deseja escrever na Constituição em valores o rendimento mínimo da categoria. A proposta foi aprovada em primeiro turno, mas resta ainda a votação de destaques, como o que retira o valor do texto constitucional. Estava em discussão na reunião a proposta de criação de uma comissão para se tentar um acordo.

Enquanto o debate corria solto entre as lideranças no Congresso, o deputado Capitão Assumção (PSB-ES) resolveu “twittar” as discussões. Ele escreveu coisas como “temer, sepultando a PEC, quer criar 1 comissão” e “vaccarezza diz que lula já dá a bolsa formação. é de rir”.
Quando os parlamentares descobriram a “transmissão” que o colega estava fazendo da reunião, a situação ficou tensa. A reunião foi encerrada e não foi fechado um acordo para a votação do tema desejado por Assumção.

O primeiro a sair da sala foi o líder do PSDB, João Almeida (BA), que atribuiu a Assumção o encerramento da decisão sem acordo. “Nós tínhamos em discussão a proposta de criar uma comissão, mas o mau comportamento de alguns acabou encerrando a reunião.” O líder do PT, Fernando Ferro (PE), também se irritou com o colega. “A reunião terminou por causa do comportamento deplorável de um deputado.”

O presidente da Câmara também saiu da reunião criticando a ação do parlamentar. Ele afirmou que divulgar reuniões como essa “não é útil para a Casa”. Questionado se em uma próxima reunião seria possível reter os celulares dos deputados já na entrada, Temer respondeu que o uso do celular é permitido, mas transmitir a reunião, não. “Isso é coisa de araponga”, disse o peemedebista.

Capitão Assumção disse que começou a twittar durante a reunião ao perceber que se estava "procrastinando" [adiando] a votação da PEC. Ele declarou não acreditar em qualquer possibilidade de punição pelo ato. "Passei 25 anos nas ruas. Vou me preocupar com isso? O que eu fiz é uma forma democrática de expor o meu pensamento", afirmou.

No fim, o impasse sobre o tema continua. Temer afirmou que vai mesmo criar a comissão com três membros indicados pelo governo e outros três pela oposição para tentar construir um acordo sobre este tema. Não há data ainda para a volta do tema ao plenário.

Fonte: Portal G1
http://g1.globo.com/politica/noticia/2010/05/temer-encerra-reuniao-secreta-apos-vazamento-pelo-twitter.html

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Os profissionais da Segurança Pública Brasileira diz NÃO a Dilma, Lula, PT.... e com razão!!

NÚMERO DE PM's EM TRATAMENTO PSICOLÓGICO SOBE 46% EM SÃO PAULO

O número de policiais militares afastados do serviço para a realização de tratamento psicológico subiu 46% no estado de São Paulo em 2010. De acordo com dados da Corregedoria da Polícia Militar, 907 policiais foram encaminhados para o Programa de Acompanhamento e Apoio ao PM - aproximadamente 10 baixas por dia. No mesmo período de 2009, foram 622 - sete a cada dia. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.


O programa psicológico da PM é destinado principalmente para policiais envolvidos em "ocorrências de alto risco", quando ocorrem trocas de tiros

O crescimento da entrada dos policiais no programa psicológico coincide com o aumento do número de mortes provocadas por ações da PM. No primeiro trimestre de 2010, foram 146 mortes, contra 104 no mesmo período do ano passado - alta de 40%.
 
FONTE: JB Online por Blog Blog da Soldado Glaucia
http://sdglaucia.blogspot.com/2010/05/numero-de-pms-em-tratamento-psicologico.html

Candidatos fardados




Eleições 2010

Em 15 Estados, militares quebram o silêncio dos quartéis e se organizam para formar uma bancada no Congresso Nacional

Por: Hugo Marques

Um quarto de século após o fim da última ditadura militar que comandou o País, um grupo de oficiais e soldados das Forças Armadas se prepara para tentar voltar ao poder. Dessa vez não pensam no executivo e muito menos em armas e tanques: querem chegar ao Congresso Nacional por meio das urnas. Eles formulam nos bastidores a estratégia para eleger uma bancada de deputados e vão testar nas urnas nomes da caserna em pelo menos 15 estados. O objetivo é ter poder de voz para discutir no Parlamento temas como o reaparelhamento das Forças Armadas e a revisão da rígida legislação disciplinar. Nessa fase de pré-campanha, muitos candidatos ainda se escondem atrás de suas iniciais para pedir votos, como o “capitão A.J.”, do Rio, ou o “sargento S.L.”, de Pernambuco. Mas alguns militares ouvidos por ISTOÉ, mesmo sendo da ativa, já estão em franca campanha rumo às urnas em outubro. “Há um número considerável de candidatos”, diz o presidente do Clube Militar, general Gilberto Barbosa de Figueiredo. “O problema todo é que eles não são do ramo e não têm dinheiro”. Por exigências constitucionais, os militares só podem se filiar a partidos em julho, mês das convenções oficiais.

Na prática, a falta de dinheiro não chega a ser um entrave. Basta ver o exemplo do capitão do Exército Luiz Fernando Ribeiro de Sousa, do Arsenal de Guerra de General Câmara (RS), que usa a internet para fazer sua campanha a deputado federal pelo Rio Grande do Sul pelo PT. Em sua página, ele exibe fotos ao lado de políticos famosos e alimenta debates do interesse das Forças Armadas. Ele diz que faz parte de um movimento coordenado entre os militares para lançar candidatos dispostos a lutar por mudanças nos quartéis. “A livre manifestação do pensamento, dentre outros direitos absolutos, absurdamente ainda não vale para os militares brasileiros”, critica o capitão Luiz Fernando. “Eles conseguem manter a tropa numa rédea curta, sem alguns dos direitos fundamentais.” Com vários amigos no MST e outros movimentos sociais, o capitão diz que já respondeu a inquéritos militares por externar opiniões. “Já fui punido diversas vezes, sem direito de ser ouvido pela autoridade que me puniu, sem direito de me defender”. Em 2006, ele foi candidato a deputado federal no Rio, mas não passou de 1724 votos.

Outro que recorre à internet é o subtenente Gilson Gomes, do 61º Batalhão de Infantaria de Selva, de Cruzeiro do Sul (AC). Convidado para concorrer a deputado federal pelo PSDC e o PV, o subtenente é presidente do Diretório dos Estudantes da Universidade Federal do Acre, onde cursa Letras. “Nossa proposta é traçar um plano para reaparelhar o Exército. Nossos equipamentos na selva estão ultrapassados, precisamos de recursos para patrulhas na fronteira”, diz o subtenente. “Queremos é lançar candidatos militares em todo o País, mas há muita resistência do Exército”. Em sua página em um dos sites de relacionamento, Gilson critica o governo pelo desmatamento. “Faltam ações, falta vergonha na cara do governo para mudar”, diz o subtenente na internet. Em 2006, ele também não teve sucesso na tentativa de se eleger deputado estadual. Diz que faltou verba para a campanha.

“Com uma bancada de dez deputados, passaremos a
exercer o poder de veto em quase todas as comissões”
Jair Bolsonaro, deputado federal (PP-RJ)
 
Apesar dos limites impostos pelo Exército, o cabo Walfredo Rodrigues, do Comando da 4ª Região Militar, em Minas, também vai disputar um mandato. Ele é presidente da Rede Mineira de Cidadania, que capacita jovens. Sua grande bandeira eleitoral, além dos projetos sociais, é a criação de um fundo de garantia para os militares. “Estou com 22 anos de serviços prestados e, se eu sair hoje, não recebo nada”, diz Walfredo. “Meu projeto é também voltado pos atiradores de tiro-de-guerra, que não tIem nenhuma remuneração”. Ele será candidato a deputado federal por Minas.
 
O coronel da reserva do Exército Arno Schneider, de Santa Catarina, considera que a Câmara dos Deputados é o palco ideal para discutir o reaparelhamento das Forças Armadas. “Infelizmente, não vi nada de efetivo na Estratégia Nacional de Defesa”, critica Arno. “A compra dos jatos supersônicos é outro projeto que se arrasta há dois governos”. Além dos votos dos militares, o coronel busca eleitores nos serviços de inteligência. Arno é pai do analista da ABIN Christian Schneider. Outro coronel da reserva que vai tentar vaga de deputado federal é Sérgio Sparta, presidente regional do PRP no Rio Grande do Sul. “O voto classista é um voto difícil. Os militares são avessos à política”, diz o coronel Sparta. “Mas as pessoas estão procurando valorizar quem representa valores cultuados pela classe militar”.
 
Veterano na política, o capitão da reserva e deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) concorrerá ao sexto mandato este ano. Ele incentiva a caserna a defender seus interesses nas urnas. “Os militares começam a entender que não adianta só um trabalho disciplinado no quartel porque você é esquecido nas casas legislativas”, diz Bolsonaro. “Com uma bancada de dez deputados, passaremos a exercer o poder de veto em quase todas as comissões”. Bolsonaro tem uma mala direta com cerca de 80 mil militares da ativa e diz que a grande preocupação nas Forças Armadas hoje é com alguns projetos que podem mudar a configuração da estrutura do Ministério da Defesa, como o que cria 700 cargos comissionados para civis. Como se vê, a tropa está unida e coesa e o horário eleitoral pode ganhar um tom verde-oliva.

Fonte: Revista IstoÉ - Editora Três

Fonte: FENAPEF
http://www.fenapef.org.br/fenapef/noticia/index/28131

Bogotá combinou repressão com urbanismo e educação



Luiz Angel Blandon, 38, ex-guerrilheiro das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), tem entre suas funções distribuir gratuitamente livros em pontos de ônibus de Bogotá. É um projeto chamado "Livros que voam": o beneficiário precisa se comprometer a passar o livro adiante e exigir que o próximo a recebê-lo não interrompa a corrente literária. "Não fazia mais sentido ficar guerreando", explica. Personagens como Blandon são uma das explicações da redução da violência em Bogotá. De 1993 até este ano, a taxa de homicídios da cidade caiu quase 80% e está em 17 por 100 mil habitantes, quase igual à da cidade de São Paulo, o que significa dizer que, apesar do notável avanço, ainda está longe do satisfatório. Como aceitou deixar as armas, Blandon entrou em um programa público de reinserção. Ganha um salário para ajudar a melhorar Bogotá, promovendo, entre outras tarefas, a corrente literária. Além desse ex-guerrilheiro, os livros também ajudam a explicar o avanço na segurança. "A cidade investiu, além do aprimoramento da repressão, em urbanismo combinado com educação", afirma o sociólogo Jairo Arboleda, responsável no Banco Mundial, na Colômbia, pelo estímulo a parcerias comunitárias com o setor público. Bogotá criou nos últimos anos uma rede de gigantescas bibliotecas em bairros mais pobres, cujo papel primordial é recuperar o espaço público deteriorado e facilitar a convivência. O impacto visual dessas construções é semelhante ao dos CEUs, as modernas e amplas escolas públicas na periferia de São Paulo. O acesso à rede de bibliotecas é facilitado por uma ciclovia de 305 quilômetros e, mais importante, por um corredor de ônibus batizado de TransMilênio. A prefeitura se inspirou em Curitiba, com seus bi-articulados e o pagamento antecipado do bilhete feito em imensas e transparentes cabines na rua. A diferença é que, em Bogotá, o corredor não só levou transporte rápido e de qualidade às áreas mais distantes como se transformou em imensos calçadões para pedestres, alguns deles ajardinados ou com fontes de água. "É impressionante como o TransMilênio subiu a auto-estima dos moradores. Virou um motivo de orgulho coletivo", afirma Arboleda. Os projetos urbanísticos recuperaram a região central de Bogotá, tão deteriorada como as das grandes cidades brasileiras -e isso atraiu mais pessoas para as ruas. Praças foram criadas ou reformadas. Aos domingos, as principais vias são fechadas ao trânsito, agora exclusivas para pedestres e ciclistas. Assim com em Medellín o epicentro da violência estava na Comuna 13, em Bogotá a concentração se repetia num bairro com o sugestivo nome de Cartucho -a versão ainda mais piorada da Cracolândia, em São Paulo. Avaliou-se que ali já não havia mais jeito. O poder municipal transformou toda aquela área em um imenso parque e tratou de encaminhar seus moradores para outros locais. Para preencher essas regiões recuperadas, a prefeitura decidiu promover constantes shows de música, entre várias outras ações culturais como festivais de teatro e de dança. Os efeitos dessas iniciativas eram vistos no surgimento de uma nova vida noturna, antes limitada porque as famílias tinham medo de sair de casa. Evidentemente essas medidas seriam frágeis se não tivessem aumentado o número de policiais e aprimorado seu treinamento -passaram a receber cursos na universidade-, não fossem implantados núcleos de policiamento comunitário e não se sofisticassem os controles na prisão para reduzir a força do crime organizado. Houve um treinamento específico para os carcereiros. Foi fundamental o esforço dos governantes em tentar desarmar a guerrilha e os paramilitares. Mas a engenharia social de Bogotá é ainda mais complexa, e, como em Medellín, motivada por um trauma coletivo. É a sensação de um colapso provocado pela generalização da violência estimulada pela junção de narcotraficantes, paramilitares, guerrilheiros e quadrilhas. Tudo isso se potencializava nos bairros pobres, com seus jovens desempregados, baixa escolaridade, desestrutura familiar, violência doméstica, falta de opções de lazer, gravidez precoce. "Sentíamos que não tínhamos tempo a perder. Tudo parecia urgente", conta a jornalista colombiana especializada em violência Bibiana Mercado, agora na ONU. Estavam em Bogotá muitos dos alvos dos cartéis de Cali e, especialmente, de Medellín. Políticos, promotores, juízes, jornalistas eram mortos rotineiramente. Diante do emaranhado de fontes de violência, apenas uma ofensiva simultânea em vários flancos teria alguma chance de funcionar, a começar de um pacto político com as forças clandestinas. O chefe de Luiz Blandon, o ex-combatente das Farc, hoje com seus livros distribuídos em pontos de ônibus, é o advogado Darío Villamizar, ex-guerrilheiro do M-19. No passado, o M-19 destruiu o prédio da Suprema Corte e matou 70 pessoas, entre elas 11 juizes. "Aprendemos que a paz era o melhor caminho", conta Villamizar, responsável pela inserção na sociedade de ex-guerrilheiros e paramilitares que abandonaram as armas. "O que fazemos é transformá-los em empreendedores para que toquem sua vida." Depois de abandonar as armas, líderes do M-19 montaram o "Observatório da Paz". Um de seus programas, dirigido por Vera Grabe, é disseminar a cultura do entendimento e do diálogo nos bairros mais violentos. "Sabemos o impacto positivo que se alcança quando aproximamos as crianças e os jovens da cultura. A música, a dança, o teatro, as artes plásticas, a comunicação prestam-se como fonte de realização e vacina contra a marginalidade", diz. Para ajudar a disseminar esse tipo de ação, o Unicef sedia um projeto chamado "Aliança para a Paz". Coletam-se as mais diversas experiências, que são sistematizadas, formando um banco de êxitos a ser compartilhado nos diferentes níveis de governo. A Secretaria de Educação de Bogotá, por exemplo, mantém um laboratório de pedagogia comunitária, cuja missão é transferir todo esse conhecimento para a rede de ensino -ela integra a lista de entidades associadas da "Aliança para a Paz". Melhorar a educação formal foi um dos ingredientes do plano amplo contra a violência. O poder público se empenhou em aumentar a matrícula, reduzir a evasão e, através do treinamento para os professores, oferecer melhor qualidade de ensino. Bogotá é o epicentro, na América Latina, da idéia de Cidade Educadora, segundo a qual todos os serviços públicos e privados da cidade devem estar conectados às escolas. Os empresários de Bogotá acreditaram que poderiam fazer a diferença na questão educacional, interessados diretos na questão da segurança, afinal viviam ameaçados, e na produção de mão-de-obra qualificada. "Nossa contribuição foi focada na gestão, que é o que mais entendemos", afirma Guilhermo Carvajalino, principal executivo do movimento "Empresários pela educação". Os últimos cinco prefeitos eleitos de Bogotá - antes eram indicados- tiveram a assessoria ininterrupta dos técnicos indicados pelo grupo de empresários. Isso explica, em parte, por que o nível educacional da cidade, medido em testes, é o mais elevado do país.

Fonte: Portal Aprendiz - Artigo de Gilberto Dimenstein e blog Pensar Crominológico

quinta-feira, 20 de maio de 2010

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Leitura obrigatória sobre as drogas: Uma visão policial sobre política de drogas



Tom Lloyd *
Artigo exclusivo para o informativo mensal "InterCÂMBIO".


Por que um ex-comissário de polícia do Reino Unido (Chief Constable) viajaria à América Latina para discutir uma mudança no modo de aplicação da lei de drogas? Porque em mais de 30 anos de serviço patrulhando o centro de Londres do posto mais alto, como comissário de polícia, cheguei à conclusão inevitável de que nossa abordagem atual é falha.

Apesar de todo o dinheiro e esforço investido na chamada guerra às drogas, a propagação inexorável das drogas e os danos que as acompanham é um poderoso testemunho do fracasso. O que estamos fazendo agora não só é muito caro e com o foco errado, mas contraproducente e prejudicial.

Os danos causados pelo mercado de drogas ilegais espalharam-se por todo o mundo, mas em nenhum lugar mais do que na América Latina. Muitas vidas são afetadas pela droga, não só para usuários, mas para suas famílias, e as consequências são terríveis. O tráfico de drogas é gerenciado por criminosos cruéis que matam, mutilam e corrompem para manter seus lucros obscenos, além de provocar medo generalizado em cidadãos comuns e comunidades inteiras que, com razão, temem por sua segurança.

Temos de fazer todo o possível para minimizar esses danos, mas também temos de reconhecer as falhas das políticas atuais e considerar novas formas no futuro. Morte, doença, vício e crime prosperam em mercados ilegais, em que não existe controle de qualidade, e faz com que usuários evitem o tratamento e cometam crimes para financiar seu vício. Traficantes aumentam seus lucros visando a próxima geração de crianças, as quais não recebem proteção alguma desse mercado.

Se os governos, a polícia e a sociedade civil trabalharem em conjunto para tratar e não punir os usuários, podemos reduzir os danos, reduzir a criminalidade, apoiar a recuperação e reabilitação. Gostaríamos também de liberar mais recursos para enfrentar os verdadeiros criminosos, os grandes traficantes.

Durante minha carreira, prendi minha cota de usuários de drogas, além de comandar e supervisionar diversas operações antidrogas. Lembro-me de uma operação de grande sucesso que tinha como alvo mais de 100 traficantes. Ela foi considerada um grande sucesso por políticos locais e nacionais, como qualquer grande apreensão de drogas é celebrada como prova do sucesso da guerra às drogas.

No entanto, todos os traficantes, muito previsivelmente, já estavam de volta às ruas em uma questão de dias. Se o sucesso for medido pelo volume de prisões e drogas apreendidas, poderia-se afirmar que a polícia, nesse caso, foi incrivelmente bem-sucedida. No entanto, se julgarmos o sucesso em termos de contenção de mercado e redução de danos, o resultado é bastante diferente.

Tudo parecia tão sem sentido. O que estávamos conseguindo com tudo isso? A porta giratória entusiasta da Justiça Penal recolheu e cuspiu usuários e traficantes, muitas vezes tão dependentes quanto eles, para serem julgados novamente. Jovens, homens e mulheres, presos por pouco mais do que curiosidade juvenil, tiveram suas vidas manchadas para sempre por uma condenação penal.

Nenhum lugar do Reino Unido está livre das drogas ou da criminalidade associada à epidemia. Os criminosos continuam a ter enormes lucros, corroendo e corrompendo a vida pública e privada. Eles têm como alvo a nova geração de crianças e criar viciados que são negligenciados, adoecem e morrem desnecessariamente.

As autoridades policiais têm investido recursos significativos ao longo de décadas para tentar reduzir a dimensão dos mercados de drogas - investigando operações de tráfico, apreendendo as remessas de drogas, perturbando os mercados locais de drogas, destruindo plantaçõs e prendendo usuários. Apesar dos muitos exemplos de sucesso operacional, estes esforços não produziram a erradicação ou uma redução significativa e sustentada do mercado ilícito.

De fato, nas últimas décadas assistimos a um aumento enorme no mercado de drogas, com seus grandes lucros indo para quadrilhas criminosas, associadas à corrupção, violência, e ao financiamento do terrorismo. Há mortes e doenças evitáveis aos usuários, muitos jovens recebendo condenações penais que destroem suas vidas. As nossas prisões estão tão cheias que não podemos reabilitá-los.

Administradores e estrategistas voltam cada vez mais sua atenção à forma em como os esforços de aplicação da lei podem ser adaptados para ter uma ação com melhor custo-benefício, cujos resultados causam menos danos para usuários, comunidades e para os próprios policiais.

Mais recentemente, venho trabalhando em outros países e os problemas que existem no mundo inteiro são conhecidos no mais alto nível, com muitos reconhecendo o quão nocivas são consequências não-intencionais da abordagem atual. Um enorme mercado criminoso (com enormes incentivos financeiros) foi criado usando a corrupção e a violência para manter seus enormes lucros.

Esforços para destruir plantações destroem somente meios de subsistência de camponeses e o ambiente, enquanto os campos de papoula e as plantas de coca são cultivadas em outros lugares, com adaptação dos produtores para atender à sua demanda. O incentivo a outras culturas é inútil se a procura de drogas continua.

Nossos limitados recursos são direcionados para essa guerra nociva, enquanto a saúde pública, que é claramente o primeiro lugar do controle de drogas, continua a ser a pobre irmã caçula. Prevenção e tratamento, com certeza, deveriam vir em primeiro lugar.

E os usuários são excluídos e marginalizados da sociedade, marcados por esse estigma e, muitas vezes incapazes de encontrar o tratamento, mesmo quando estão dispostos a fazê-lo. Uma em cada três novas infecções por HIV fora da África é resultado do uso inseguro de drogas injetáveis. A menos que essas consequências sejam encaradas, nós continuaremos a ser cativados pelos paradoxos do problema das drogas.

Este é um problema global que prejudica pessoas comuns no mundo todo, exatamente o tipo de pessoas a quem eu dediquei a minha vida profissional para servir e ajudar. Entrei para o serviço policial para ajudar as pessoas e não para contribuir para as suas dificuldades. Se o seu filho for encontrado em posse de drogas, você quer que ele seja preso, acusado e condenado (com todo o estigma que isso implica) ou aconselhado, apoiado e, se necessário, reabilitado? Todo usuário de drogas é filho de alguém e, infelizmente, muitas vezes, vítima de abuso emocional, físico e sexual.

Há aqueles que argumentam que a solução é os governos controlarem e regularem a produção, distribuição e fornecimento de drogas atualmente ilegais, a fim de minimizar os danos aos usuários, reduzir custos e eliminar os lucros do crime organizado. Eles podem estar certos, mas não é o meu argumento. Com a minha experiência na polícia reconheço, infelizmente, a necessidade de continuar a luta contra o crime organizado em todas as suas formas.

Claro que não é fácil e é preciso muita habilidade, determinação e investimento para alcançar o sucesso. Se estamos desperdiçando recursos para processar e prender os usuários e traficantes de baixo nível, estamos reduzindo seriamente a nossa capacidade de enfrentar os grandes traficantes e chefões do crime organizado, não importando quantos usuários prendamos. Fazemos isso há décadas e eles continuam a ter lucros obscenos.

Agora tenho a oportunidade, através do projeto IDPC Drug Law Enforcement, que tenho o privilégio de conduzir, de tentar incentivar os funcionários responsáveis pela aplicação da lei a mudarem sua abordagem. Este projeto procura formas de ajudar os oficiais a elaborar novas estratégias e táticas para que os recursos possam ser direcionados a minimizar o poder e o alcance da criminalidade organizada, reduzir a violência associada aos mercados de drogas e apoiar os esforços para fornecer o tratamento e redução de danos serviços aos usuários de drogas.

Nós argumentamos que a legitimidade das leis de drogas está sendo ameaçada por estes problemas à medida que o público perde a confiança na abordagem atual. Desafiamos as pessoas a considerar a conveniência e eficácia da lei penal a ser utilizada para lidar com usuários de drogas, particularmente os jovens, e argumentamos que a relativa ineficácia das atuais atividades de controle de drogas é um forte motivo para considerar mudanças na abordagem. Sugerimos também que novos objetivos sejam desenvolvidos para nos concentrarmos mais em reduzir as consequências prejudiciais do mercado das drogas, e não apenas em sua escala.

Podemos trabalhar juntos para melhorar a compreensão mútua, podemos desenvolver parcerias para atingir objetivos comuns que podem aproveitar as oportunidades para se tornarem mais eficientes e eficazes na luta contra a grave criminalidade organizada. As forças policiais podem desempenhar o seu papel no sentido de facilitar o atendimento aos usuários em vez de frustrar, muitas vezes, inadvertidamente, os esforços para dar-lhes o apoio que tanto necessitam.

Os problemas associados a esta questão no Reino Unido - morte, doença, crime, o vício e a corrupção - são suficientemente graves, mas eu reconheço que há milhares, senão milhões de pessoas em muitos países da América Latina que sofrem muito mais. Esta não é uma competição de quem está sofrendo mais, mas há uma verdadeira urgência das autoridades em dizer o que devemos mudar no que estamos fazendo, e enquanto isso não acontecer, os problemas só vão piorar.

Nós podemos fazer as coisas de forma diferente. Em Boston, na década de 1990, a polícia conseguiu concentrar os esforços em reduzir o número de assassinatos como uma prioridade maior do que o prosseguimento dos esforços inúteis para reduzir a dimensão do mercado ilegal (de drogas). Em Portugal, a despenalização da posse de todas as drogas para uso pessoal, desde 2001, desbloqueou um tribunal abarrotado e um sistema prisional superlotado, e as avaliações desta abordagem têm mostrado um impacto global positivo sobre as taxas de reincidência e de reinserção social de usuários de drogas além de uma economia significativa para o governo.

O povo suíço aprovou votou por dois terços no ano passado a ratificação do seu bem-sucedido programa de receita de heroína como política oficial do governo. Durante 15 anos, a heroína foi prescrita em clínicas especiais, sob condições controladas, resultando em menos criminalidade, mortes e doenças e menor índice de novos usuários. Após esta iniciativa, a heroína já não é legal, no sentido de descolada. É importante porque os indivíduos, previamente desesperados para conseguir as drogas, vão conseguir manter um emprego e uma vida familiar normal. Esta é apenas UMA boa notícia, mas temos de avançar mais.

Eu tive uma abordagem diferente na cidade de East Anglia, onde oferecíamos uma escolha entre tratamento e detenção de usuários reincidentes de drogas. Eles quase sempre escolhem o tratamento, e os detetives foram surpreendidos ao saber que isso não só economizou tempo e recursos preciosos, como também foi a maneira mais eficaz de combater o roubo que já haviam visto.

Nós pensamos e agimos de formas novas e obtivemos melhores resultados para todos. Eu tenho certeza que existem muitos outros exemplos de abordagens inovadoras para a resolução deste problema que precisam ser desenvolvidas, compartilhadas e implementadas o mais amplamente possível.

Prender usuários é equivocado e contraproducente; processar revendedores, sem abordar a demanda ou os seus lucros não funciona. Se o dinheiro desperdiçado em desinformação, baixo nível de execução e condenação fosse gasto em resolver as causas subjacentes, tantas vidas afetadas pela droga e o crime poderiam ter sido diferentes.

Recentemente, líderes políticos e outras autoridades da América Latina têm se levantado para defender a mudança, os governos estão considerando a descriminalização como um caminho a ser seguido. Isso é muito encorajador se conduz a uma ação nacional e internacional conjunta e ao desenvolvimento e implementação de soluções duradouras, eficazes e humanas.

Sabemos que temos de mudar e sabemos também que os policiais gostam de fazer as coisas acontecerem. Espero que o meu conhecimento e experiência possam, de alguma maneira, ajudar a trazer mudanças benéficas. Este é o momento para os líderes da polícia em todo o mundo desafiarem o status quo e concentrar os recursos nos criminosos organizados, não nos usuários, e se concentrar na redução de danos, não em um sonho idealizado de uma sociedade livre de drogas.

 
Postado por Sgt Barbosa no Blog "Segurança, Cidadania e Dignidade"

Fonte: http://segurancacidadaniaedignidade.blogspot.com/2010/05/uma-visao-policial-sobre-politica-de.html

Leitura obrigatória sobre legalização das drogas. Excelente artigo!!!!


Por Vitor Abdala

Queria aproveitar hoje, que estou em casa me recuperando de uma sinusite, para fazer algumas reflexões sobre o tráfico de drogas e responder algumas perguntas geralmente feitas a mim, em conversas familiares e em mesas de bares, quando defendo a legalização das drogas.

- Há quantos anos as drogas são proibidas?

R: Pelos meus cálculos, há 96 anos nos EUA e há 89 anos no Brasil.

- A violência diminuiu neste período?

R: Você sabe que não.

- Foi a droga que matou todas essas pessoas no decorrer desta “guerra”?

R: Não, com exceção de algumas overdoses.

- Por que as drogas são proibidas?

R: A proibição às drogas começa nos Estados Unidos, então um país em ascensão no cenário internacional. Foi na década de 1910 que surgiram as primeiras proibições de substâncias entorpecentes, como uma política discriminatória contra populações imigrantes e minorias étnicas no Tio Sam (qualquer semelhança com as atuais políticas de discriminação contra a população muçulmana não é mera coincidência). O uso de ópio pelos chineses contratados para construir ferrovias no oeste dos EUA, o de maconha pelos mexicanos e o de cocaína pelos negros eram uma ameaça à sociedade cristã norte-americana (pressuposto no mínimo curioso, uma vez que o uso de drogas nunca foi restrito às minorias e nem aos imigrantes). As drogas, segundo os inteligentes defensores da proibição, criavam o ócio e a tendência à violência por essas populações, o que ameaçava a branca e protestante sociedade anglo-saxã nos Estados Unidos. Não por acaso, substâncias como a cocaína que eram amplamente utilizadas tanto nos EUA como na Europa, começaram a ser demonizadas. E logo, a comunidade internacional estranhamente começou a dizer que essas drogas eram ruins e que seu uso precisava ser banido do mundo.

- A sociedade brasileira teve a chance de decidir se queria legalizar as drogas ou não?

R: Não, nunca tivemos essa chance.

- O tráfico de drogas é um crime violento?

R: Não. A cocaína não mata ninguém além do cara que ingerir uma quantidade superior àquela que seu organismo pode suportar. Como eu não cheiro, não corro risco de morrer por causa da cocaína.

- Você quer dizer então que os traficantes não são violentos?

R: Não, nunca disse isso. Disse apenas que a venda de drogas não é, por si, um crime violento. É como comprar e vender pão, por exemplo. O problema são os crimes conexos com essa atividade ilegal, ou seja, homicídios, agressões, roubos, torturas, porte ilegal de arma, corrupção, extorsão etc.

- Mas, se você diz que o tráfico de drogas não é violento, por que há tanta violência envolvida?

R: Porque em negócios ilegais, não há justiça ou tribunais arbitrais para decidir controvérsias. Por exemplo, se você tiver uma carga de cocaína roubada, você não vai poder registrar a ocorrência na DP do seu bairro. Você precisa resolver de forma violenta, para mostrar quem é que manda e, assim, evitar que sua carga não seja roubada novamente. Então o “traficante” mata o cara que o ludibriou para mostrar que não se pode roubar sua droga e ficar impune. Outro exemplo: Se alguém tentar invadir meu território, não posso reclamar com ninguém, preciso meter bala para não perder o que é meu. Logo, negócios ilegais se resolvem de formas ilegais.

- Então, se a venda de drogas for legalizada, a tendência é que a violência diminua?

R: Eu, pessoalmente, acredito que sim. Controvérsias poderão ser resolvidas em tribunais e não precisarão mais das armas.

- Por que você acredita que a legalização vai diminuir a violência relacionada ao tráfico de drogas?

R: Porque isso é o lógico. Mas, de qualquer forma, há pelo menos um exemplo histórico que serve de paradigma para se fazer uma análise como essa. Trata-se da Lei Seca dos anos 20 e 30 dos Estados Unidos, período durante o qual a venda de bebidas alcoólicas foi proibida completamente, assim como a cocaína e a maconha hoje. Apesar do curto periodo em que houve a proibição, ele foi suficiente para estimular o surgimento de máfias de contrabando de bebida alcoólica, o aumento meteórico dos homicídios, a falta de controle sobre a qualidade do álcool consumido, a corrupcão e a matança de policiais. Problemas resolvidos depois que o álcool voltou a ser legal nos EUA.

- Traficantes são pessoas más e cruéis, que visam desestabilizar o Estado constituído, para poder implantar seu Estado Paralelo, instalar o caos sobre a cidade e reinar sobre um cenário apocalíptico como servos de Satã?

R: Se formos acreditar em tudo o que a policia, as autoridades e a imprensa publicam, sim. Se pensarmos criticamente, chegaremos à conclusão de que traficantes são apenas comerciantes capitalistas que querem ganhar dinheiro vendendo mercadorias a outras pessoas que desejam comprá-las. Claro que há bandidos violentos, assim como há policiais violentos, jogadores de futebol violentos, jornalistas violentos, políticos violentos etc. E, como falado acima, muito da violência do negócio jaz justamente no fato de ser ilegal.

- Dizem que, se as drogas forem legalizadas, muitas pessoas vão começar a usar essas substâncias. Com isso, o numero de pessoas drogadas vai explodir...

R: Bem, experiências de descriminalização ou legalização parciais em países como Portugal e Países Baixos mostram que isso não aconteceu. Mas, de qualquer forma, esse é um risco que temos que correr. Afinal, a proibição às drogas nunca impediu que seu consumo explodisse no mundo todo. Segundo me consta, o uso das drogas começou a crescer justamente nas décadas de 60, 70 e 80, justamente quando a repressão se tornou mais forte. Logo, se a proibição não inibe o consumo, por que não tentar a legalização?

- A legalização vai aumentar os roubos de rua, já que as pessoas vão consumir mais e precisar de mais dinheiro para comprar a droga?

R: Bom, se eu não acredito que vá haver grande aumento no consumo, não tem por que crer que haverá aumento nos roubos. De qualquer forma, o Rio de Janeiro já tem tanto roubo de rua que não é um drogado a mais que fará diferença. E mais, com a legalização, a polícia não precisará mais investir essa fortuna que hoje investe na repressão ao trafico. Poderá destinar todos esses recursos para reprimir o que realmente aumenta a violência urbana: roubos e homicídios.

- Mas como a gente pode apoiar a legalizacão de uma coisa que faz mal à saúde das pessoas?

R: Bom, se você acredita na liberdade individual das pessoas, então você deve aceitar que cabe exclusivamente ao indivíduo decidir se ele quer usar ou não determinada substância em seu organismo. Não cabe a mim, a você ou ao Estado decidir se fulano quer se drogar ou não. O consumo excessivo de drogas pode afetar a saúde das pessoas assim como o uso excessivo de álcool, de cigarro, de botox, de gordura ou até de comida fast food. O uso excessivo de drogas pode levar à morte assim como um voo de asa delta, um salto de para-quedas, a prática de surfe, as corridas de automobilismo, as lutas esportivas etc. Tudo isso é perigoso e depende exclusivamente da vontade individual de cada pessoa. Nenhuma dessas coisas é proibida pelo Estado, só o consumo de drogas.

- Então como podemos legalizar as drogas?

R: Em primeiro lugar, precisamos estimular o debate crítico da sociedade, em vez de reprimir os setores que pedem o diálogo toda vez em que eles se manifestam em favor da legalização. Em segundo lugar, com o debate maduro, o país deve propor um referendo para conhecer a opinião da população brasileira sobre o assunto. A partir daí, o Brasil deve se retirar do tratado internacional antidrogas das Nacões Unidas, para que possa decidir soberanamente (isto é, sem precisar dar satisfação, como um cordeirinho submisso, aos Estados Unidos ou à Europa) sobre o futuro de sua sociedade. Depois, pode-se mudar a legislação nacional sobre o assunto, para que possa ser adotada uma legalização gradual das drogas, começando pelo fim da repressão ao consumo das substâncias menos perigosas e terminando, em médio prazo, na legalizacão do uso e venda de todas as drogas (isso mesmo TODAS, sem exceção).

- Você só esta defendendo a legalização das drogas porque você é um maconheiro que quer se drogar sem o incômodo da repressão policial...

R: Aí você se engana. Não uso maconha, cocaína ou qualquer droga ilícita. Nem pretendo usá-las depois da legalização. A única vez em que pus um cigarro de maconha na boca foi num coffee shop em Amsterdã, onde isso é legal. Mas devo confessar que dei apenas duas tragadas no cigarro e tossi tanto que nem quis fumar mais. Defendo a legalização apenas para me livrar do grande incômodo da despropositada e letal guerra às drogas que fomos obrigados a importar dos EUA há 40 anos.

- Sou um policial, promotor, juiz, politico. Como posso defender uma coisa ilegal como as drogas?

R: Bem, as drogas só são ilegais, porque elas ainda não foram legalizadas. A discussão aqui é justamente para acabar com a ilegalidade.

- Mas legalizar as drogas seria reconhecer que perdemos a guerra contra o tráfico...

R: Cara, sejamos realistas. Os EUA, que são os EUA e que têm apenas que vigiar a fronteira com o México ao sul (a fronteira com o Canadá, ao norte, não traz grandes problemas, com exceção do tráfico de BC Bud), não conseguem impedir as centenas de toneladas de drogas que chegam ao país todo ano. Por que vocês acreditam que o Brasil, que tem 15 mil km de fronteiras terrestres e é o único pais do mundo que faz fronteira com os três produtores de cocaína, vai conseguir? Sejamos realistas...

- Qual seria o futuro do comércio das drogas depois da legalização?

R: Como qualquer produto legal dentro do sistema capitalista, o comércio seria regulado pelas leis de mercado, sob o controle estatal. Em vez de bandidos armados, empreendimentos legais poderiam vender essas substâncias, como é o caso do álcool, vendido nos milhões de botecos desse Brasilzão. A fabricação seria feita por industrias a serem vistoriadas periodicamente com controle de qualidade a ser aferido pela Anvisa ou pelo Inmetro. A plantação de coca seria fiscalizada pelo Ministério da Agricultura. O produto seria vendido no comércio varejista dentro da embalagem lacrada na fábrica, para impedir a adulteracão. A pureza da droga seria informada na embalagem. Os lucros do comércio chegariam aos cofres publicos por meio de impostos. Parte dos impostos seriam revertidos ao Ministério da Saude, para que ele pudesse investir mais em unidades de recuperação de drogados. A polícia não precisaria mais trocar tiros com favelados. Tampouco se corromperia com arregos de criminosos. Os criminosos ainda usariam suas armas durante algum tempo para praticar crimes nas ruas, mas logo isso seria reduzido, já que eles não teriam mais o dinheiro do tráfico para financiar suas armas e munições. Os governos fariam uma anistia para o crime de tráfico (apenas para esse crime, já que assassinatos, roubos etc teriam que ser julgados) e traria os milhares de vapores, soldados, fogueteiros para o comércio legal, através de programas de emprego específicos. A venda para menores seria proibida como acontece no caso dos cigarros e bebidas alcoolicas.

Vítor Abdala é jornalista e especialista em Políticas de Justiça Criminal e Segurança Pública, Vitor Abdala, repórter da Agência Brasil e blogueiro - http://rioponto40.blogspot.com/.
 
Fonte: Blog Arma Branca
http://armabranca.blogspot.com/2010/05/por-que-eu-defendo-que-as-drogas-tem.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+ArmaBranca+%28Arma+Branca%29

Isenção de IPI para veículos adquiridos por profissionais da segurança pública é aprovada em comissão

A Comissão de Segurança Pública da Câmara aprovou projeto (PL 6691/09) que concede isenção de IPI para veículos adquiridos por integrantes dos órgãos de segurança pública, inclusive a Guarda Municipal.

Conforme a proposta original apresentada pelo deputado Major Fábio (DEM/PB), o benefício atingiria apenas policiais militares e bombeiros, depois de três anos na função. Major Fábio disse que o objetivo é garantir mais segurança nos deslocamentos dos profissionais, que acabam se tornando alvo fácil ao usar transporte coletivo.

O substitutivo do relator na Comissão de Segurança, Capitão Assumção (PSB-ES), incluiu as outras categorias da segurança pública e vale a partir do ingresso na carreira. Capitão Assumção explicou que acolheu sugestões apresentadas durante a votação do parecer.

"Nós entendemos que seria importante ampliar e estender para todos os trabalhadores de segurança pública, haja vista, no momento que se encontra a situação alarmante, não somente em um estado ou outro, mas em todo o Brasil, nesta questão de segurança pública."

Integrante da diretoria da Associação dos Oficiais da PM do Distrito Federal, o capitão Rômulo Flávio Palhares destacou que a entidade apoia a proposta, uma vez que ela atende o princípio que estabelece tratamento diferenciado para situações desiguais.

"Os riscos que naturalmente envolvem esta profissão, alcançando a família do policial de um modo geral, e também considerando que esses profissionais não raras vezes recebem uma remuneração não adequada, residem, também não raras vezes, em áreas de risco, é natural, é razoável. Nos parece prudente que eles recebam também esse tratamento diferenciado, não no sentido de torná-lo melhor ou pior do que ninguém. Não no sentido de estabelecer privilégio a determinado segmento da sociedade, mas no sentido de justamente resgatar essa igualdade."

O projeto que prevê isenção de IPI para veículos adquiridos por profissionais da segurança pública será analisado por mais duas comissões da Câmara, antes de seguir para o Senado.

De Brasília, Idhelene Macedo

Fonte: Rádio Câmara via blog do Cap. Assumção
http://www.capitaoassumcao.com/2010/05/isencao-de-ipi-para-veiculos-adquiridos.html

CAPTURA DE GUERRILHEIROS PELA POLÍCIA FEDERAL EM MANAUS REVELA BASE DAS FARC NO BRASIL



Segundo investigação, grupo rebelde colombiano tem invadido sistematicamente o território brasileiro


Um relatório sigiloso produzido pela inteligência da Polícia Federal joga por terra o discurso do governo brasileiro de que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) não agem do lado de cá da fronteira.

De acordo com o documento, datado de 28 de abril deste ano, a guerrilha colombiana não só tem violado sistematicamente a fronteira Colômbia-Brasil como tem utilizado o território brasileiro para seus negócios, especialmente o narcotráfico.

A conclusão faz parte do relatório final da investigação que levou à prisão, no último dia 6 de maio, de José Samuel Sanchez, o "Tatareto", apontado pela PF como integrante da Comissão de Logística e Finanças da 1.ª Frente das Farc, um dos mais importantes destacamentos da guerrilha colombiana.


Rádio enterrado


O grupo que trabalhava na base brasileira utilizava conhecidas técnicas das Farc. O sistema de comunicação que Tatareto mantinha em seu sítio, perto de Manaus, era acionado em horários pré-determinados para contatos com a guerrilha na Colômbia: 7h, 12h e 17h. Na maioria das vezes, os diálogos eram codificados.

A exemplo do que as Farc fazem na selva colombiana para esconder armas e drogas, os dois aparelhos de rádio-comunicação ficavam enterrados, dentro de um tonel. A antena, que não costuma ser nada discreta, repousava, cuidadosamente camuflada, entre as copas de duas árvores.

Tatareto - "gago", em espanhol - foi preso com mais sete pessoas. Ele é acusado de comandar uma importante rota do tráfico que usava rios da Amazônia para fazer chegar a Manaus carregamentos de cocaína produzida na selva colombiana pelas Farc. Da capital do Amazonas, a droga era distribuída para outros Estados brasileiros e para a Europa.

A PF afirma que a guerrilha, cada vez mais encurralada na Colômbia pelas operações militares do governo de Alvaro Uribe, chegou a estabelecer bases em plena Amazônia brasileira. Diante da responsabilidade pela arrecadação de recursos para as Farc, diz o relatório, Tatareto "transferiu sua base operacional para o território brasileiro, de onde poderia coordenar (as atividades) com mais tranquilidade, sem o perigo do confronto armado frequente com as forças oficiais da Colômbia".




Os investigadores mapearam as duas mãos do esquema: as Farc enviam coca da Colômbia para o Brasil e, no sentido inverso, os recursos obtidos com a venda da droga são remetidos para acampamentos da guerrilha na Colômbia, seja em dinheiro vivo, seja na forma de mantimentos e insumos para refino da coca comprados em território brasileiro. "Tatareto disponibiliza parte dos recursos para a aquisição de mantimentos e logística em geral (combustível, produtos químicos, etc) que são comprados em Letícia (do lado colombiano) e destinados ao seu pessoal na selva", afirma a PF.

As cargas, aponta o relatório, são transportadas por balsas colombianas que fazem o trajeto regular entre as cidades colombianas de Letícia e La Pedrera, passando pelo território brasileiro. Uma das embarcações, a "RR Camila", pertence ao colombiano Carlos Emilio Ruiz, preso em Bogotá por ligação com as Farc.


"Investimentos"


A mesma investigação descobriu investimentos consideráveis do grupo de Tatareto no Brasil. Também com o dinheiro amealhado com o comércio da coca, os colombianos compravam terrenos e barcos de pesca. Até empresas chegaram a ser abertas para "gerenciar" o patrimônio e acobertar as atividades ilegais. Nada era registrado em nome de Tatareto.

"Como membro da Comissão de Logística e Finanças da 1.º Frente das Farc, José Samuel Sanchez investe grande parte dos lucros provenientes das drogas na compra de barcos pesqueiros, os quais são colocados em nome de Carlos Rodrigues Orosco", diz o relatório da PF.

Para os investigadores, Carlos Orosco, ou "Carlos Colombiano", era uma espécie de testa-de-ferro de Tatareto. É em nome dele que estão tanto as empresas quanto os terrenos de propriedade do grupo. Uma das empresas é o Frigorífico Tefé Comércio e Navegação Ltda.

Registrado formalmente em 1998 - indicação de que o esquema da guerrilha em solo brasileiro pode estar em operação há mais de uma década -, o frigorífico servia para maquiar os carregamentos da droga, que navegava da região da fronteira com a Colômbia até Manaus escondida debaixo de camadas de peixe.

Na Junta Comercial do Amazonas, o frigorífico, cuja sede é um flutuante ancorado na orla de Tefé, no interior amazonense, aparece com um capital social de R$ 80 mil.

A fachada montada para dar ares de legalidade ao esquema vai além. O Estado levantou outras duas firmas relacionadas ao grupo. Carlos Colombiano, que também foi preso, figura ainda como proprietário dos barcos pesqueiros adquiridos pelo grupo. Ele chegou a ter cinco embarcações em seu nome - algumas delas, de grande porte, podem custar até R$ 250 mil.

Em nome do "testa-de-ferro" de Tatareto estão também pelo menos dois sítios. Um deles, à margem de um igarapé nos arredores de Manaus, tem área equivalente a 92 campos de futebol e era usado como base de comunicação com as Farc na Colômbia.

O documento de posse do terreno, em nome de Carlos Colombiano, foi apreendido pela PF no carro de Tatareto, que nas conversas gravadas pela polícia diz que a propriedade é sua. Outro imóvel, foi comprado e revendido recentemente. À PF, Carlos Colombiano disse tratar-se de "investimento".



FONTE: http://www.estadao.com.br/ via Blog da Renata e via Blog da Soldado Glaucia
http://sdglaucia.blogspot.com/2010/05/captura-de-guerrilheiros-pela-policia.html

sábado, 15 de maio de 2010

VEM AÍ UM GOLPE NA TROPA - A TRAGÉDIA DE 1997 PODE SE REPETIR



Lembram da greve de 1997? Além dos problemas estruturais, o aumento diferenciado dado aos oficiais foi o estopim para a greve de 1997. A Desculpa usada na época para deixar a tropa a mercê da miséria foi a manutenção da paridade salarial entre delegados e oficiais.





O FILME VOLTA A SE REPETIR.



Os Delegados de Polícia conseguiram a equiparação para todos os efeitos (inclusive salarial) com os demais detentores de Carreira Jurídica do Estado. Na prática terão uma equiparação aos Defensores Públicos cujo salário inicial é de R$12.000,00.

O Comando da PM para manter a paridade salarial com os delegados mandou proposta de Lei para a Assembléia Legislativa criando a Carreira Jurídica para os oficiais.


COM ISSO OS OFICIAIS E DELEGADOS PODERÃO TER UM AUMENTO SALARIAL DE ATÉ 300%.

Até aí, louvável a busca salarial.

O problema é o golpe a tropa que está por detrás dessa "estratégia".

A proposta é que a carreira de oficial seja reconhecida como "carreira jurídica" assim como os delegados.

Seria exigido para o ingresso no CFO (IMEDIATAMENTE) o curso superior de direito e para o CTSP será exigido curso superior daqui a 5 (cinco) anos podendo a exigência ser prorrogada para mais 5 anos, ou seja, a regra pode ser aplicada daqui a 10 anos.

OS DELEGADOS E OFICIAIS PODEM TER UM AUMENTO SALARIAL DE ATÉ 300% IMEDIATAMENTE.




E AS PRAÇAS????


Lembrem de 1997, se houver outro aumento salarial diferenciado pode haver uma nova tragédia. A História parece que está prestes a se repetir.

Estamos atentos.


NÃO VAMOS ACEITAR AUMENTO DIFERENCIADO PARA A NOSSA CLASSE. NÃO VAMOS ACEITAR GOLPE. NÃO TENTEM NOS ENGANAR.


Que seja estabelecido a mesma regra de transição para o ingresso no CFO, ou seja, exigência de curso de direito daqui a 5 anos no mesmo modo que o nível superior para soldados PM/BM.


Isto é uma questão de isonomia e justiça.

Postado por BLOG OFICIAL DO CABO JÚLIO
 
http://blogdocabojulio.blogspot.com/2010/05/vem-ai-um-golpe-na-tropa-tragedia-de.html