Foto: Reuters / Sérgio Moraes

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Reforma Policial sim, remendo não!!

“Estudamos mudanças, mas queremos uma roupa mais moderna, que aproxime a tropa da população. A hierarquia será interna. Na rua, o policial será respeitado e admirado, independentemente de patente”, disse o comandante-geral Mário Sérgio Duarte.
Essa declaração foi registrada na matéria do jornal "O Dia", do dia 16/01/10, que abordava a mudança de uniforme da PMRJ.
Mudar o uniforme da Polícia Militar, seja ela do Rio de Janeiro ou de outro estado brasileiro, sob o foco do policiamento comunitário que tem como base fundamental aproximação e a interatividade com o cidadão é uma iniciativa louvável. Mas, quando se afirma que a hierarquia será interna e que na rua o policial será admirado independentemente de patente, não fica claro que é na filosofia do policiamento comunitário que está o fundamento dessa iniciativa. A idéia sugerida é que o respeito ou a falta dele está na patente e não na condição de policial. Para aceitar esse discurso confuso deve-se aceitar que, ou aqueles da alta patente são desrespeitados ou os da baixa patente ou graduação são desrespeitados e ambos devem ser igualados por meio da farda diante do cidadão comum. Essa afirmação deixa margem para entender que um grupo é respeitado pela patente e outro não é respeitado pela patente perante a sociedade, e que dificultando a sociedade de fazer essa distinção entre um grupo e outro ela automaticamente respeitaria e admiraria a todos. Talvez seria um desrespeito com o contribuinte duvidar da sua inteligência.
O descaso da sociedade pelo policial militar não está na patente, está na condição que hoje se encontra a Polícia Militar de uma forma geral. Trocar a farda e não realizar uma reforma profunda e geral na instituição é colocar vinho novo em odre velho. Com o tempo o odre se abre e o vinho se perde. Há que se definir se o modelo militar e não o civil para o policiamento em uma sociedade democrática continua a ser viável, há que se rever a quantidade de cargos e formas de crescimento que estimulem o profissional a permanecer e investir na sua carreira com motivação e orgulho, há que se redefinir os critérios de admissão e claro a questão salarial. A omissão é de todos quando se deixa um soldado subir na favela por 900 reais e ainda cobrar dele uma postura capaz de promover a paz social.
André Silva

Um comentário:

  1. Independentemente da complexidade de gestão ou do controlo da evolução da ecriminalidade, o que preocupa sempre os Polícias, políticos e cidadãos, o facto é que a postura e imagem da Polícia é importante para combater o sentimento de segurança. É na imagem que o Profissional transmite ao cidadãos, que ele se concentra, é nessa imagem que a credibilidade brota. É através da imagem que se conquista o cidadão, a sua confiança e o seu respeito. O uniforme até pode parecer uma questão sem significado, mas é uma das peças fundamentais de qualquer Instituição. Ela transmite disciplina, caracter, organização e sobretudo consistência. Portugal, apesar de não ser um grande exemplo, a verdade é que o uniforme tem sido importante para a aproximação e interacção entre a Polícia e o cidadão.

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