Foto: Reuters / Sérgio Moraes

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Comentário André Silva - A culpa pelas mortes ligadas ao tráfico é, acima de tudo, do usuário.

A informação do jornal mineiro, Estado de Minas, sobre a atratividade da classe média para a atividade altamente lucrativa do tráfico deveria gerar uma revisão de posicionamento sobre o usuário. A legalização das drogas na prática é uma realidade. Apesar da proibição legal, o uso e consumo de drogas, especialmente nas grandes capitais brasileiras, é algo corriqueiro ao ponto de atrair jovens de classe média para a condição de traficantes e não somente usuários.

Seja a maconha, o crack, a cocaína ou o LSD, a demanda é sempre alta bastando somente o traficante utilizar o marketing e definir o público para o seu produto. Independente da discussão sobre descriminalização das drogas, é sempre o usuário quem financia toda essa economia de entorpecentes ou drogas ilícitas. Sendo assim, não basta somente tratar o usuário e caracterizá-lo como doente, dependente químico necessitado de cuidados, há que se manter uma sanção pela conduta ativa de financiador do mercado ilegal de drogas que se reflete no tráfico de armas, pessoas, assassinatos e assaltos.

A recuperação é uma medida posterior à sanção, à punição. Se não houvesse quem comprasse a droga não haveria quem vendesse. Portanto, não há lógica em se manter praticamente passar a mão na cabeça do usuário e focar as ações repressivas no traficante que diante dos altos lucros e a ineficiência do poder público já entendeu que o crime é um produto barato no Brasil.

André Silva 

Um comentário:

  1. "A culpa é do usuário" me lembra a fatídica cena de Tropa de Elite em que o capitão Nacimento pergunta: "Quem matou ele(sic)?". O tráfico de drogas é uma indústria multinacional, bem como a Ambev, generalizemos assim. Cada cidadão tem o direito de fazer o que bem entender com sua vida, mesmo que isso implique sua morte, vulgo 'direito de ir e vir'.
    A Guerra contra as drogas, iniciada por Nixon, baseado no preconceito defendido pela Igreja Americana, que acusava os imigrantes - e seu hánito de consumir ópio (chineses) e cocaina (latinoamericanos)- pelo aumento da criminalidade à época, causa mais mortes que um estado de guerra 'real'. O modelo exportado para o mundo já deu suficientes exemplos de sua falência e isso nem é mais necessário discutir.

    Mas dou aqui exemplos claros do porque defendo as drogas e o porque defendo a liberdade do individuo de legislar sobre sua propria vida, desde que não ultraje o limite de outrem:

    - Há quantos anos as drogas são proibidas?
    R: Pelos meus cálculos, há 96 anos nos EUA e há 89 anos no Brasil.

    - A violência diminuiu neste período?
    R: Você sabe que não.

    - Foi a droga que matou todas essas pessoas no decorrer desta “guerra”?
    R: Não, com exceção de algumas overdoses.

    - O tráfico de drogas é um crime violento?
    R: Não. A cocaína não mata ninguém além do cara que ingerir uma quantidade superior àquela que seu organismo pode suportar. Como eu não cheiro, não corro risco de morrer por causa da cocaína.

    - Mas, se você diz que o tráfico de drogas não é violento, por que há tanta violência envolvida?
    R: Porque em negócios ilegais, não há justiça ou tribunais arbitrais para decidir controvérsias. Por exemplo, se você tiver uma carga de cocaína roubada, você não vai poder registrar a ocorrência na DP do seu bairro. Você precisa resolver de forma violenta, para mostrar quem é que manda e, assim, evitar que sua carga não seja roubada novamente. Então o “traficante” mata o cara que o ludibriou para mostrar que não se pode roubar sua droga e ficar impune. Outro exemplo: Se alguém tentar invadir meu território, não posso reclamar com ninguém, preciso meter bala para não perder o que é meu. Logo, negócios ilegais se resolvem de formas ilegais.

    Os demais esclarecimentos sobre, eu coloquei nesse post: http://armabranca.blogspot.com/2010/05/por-que-eu-defendo-que-as-drogas-tem.html

    abs

    ResponderExcluir