Foto: Reuters / Sérgio Moraes

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

As piores polícias do mundo - Carta Capital

11/12/2009 15:29:10
Redação CartaCapital
Em 8 de dezembro, a Human Rights Watch divulgou um relatório de 122 páginas, Força Letal: Violência policial e segurança pública no Rio de Janeiro e São Paulo (http://www.hrw.org/node/87020). As acusações são estarrecedoras. A organização mostra indícios consistentes de que a maioria das 11 mil pessoas mortas pelas polícias dos dois estados desde 2003 não foi abatida em tiroteios ao resistir à prisão, mas vítima de execuções extrajudiciais.
Ao longo de dois anos, a organização investigou uma amostra de 51 casos. Em 33 deles, quase dois terços, a versão oficial foi desmentida por relatórios dos institutos médico-legais. Em 17, um terço, a vítima foi abatida por tiros à queima-roupa. O relatório detalha as técnicas usadas por policiais para destruir provas, plantar evidências e intimidar testemunhas, como se não bastasse serem investigados apenas pelos próprios amigos e colegas. No Rio, mais de 7,8 mil acusações criminais contra policiais resultaram em meros 42 processos e quatro condenações. Em São Paulo, tais dados nem sequer são acompanhados.
Onze mil mortes é um número equivalente ao das execuções perpetradas pela ditadura militar argentina de Rafael Videla ou nos massacres promovidos durante os anos 50 pelos regimes coloniais francês, na Argélia, e britânico, no Quênia. É mais que o triplo das mortes causadas pelo terrorismo de Bin Laden, que há oito anos serve de pretexto para duas guerras em grande escala.
Em 2008, os policiais cariocas mataram 1.137 pessoas, uma de cada 23 detidas pela polícia. Em São Paulo, as vítimas foram 397, uma em cada 348 prisões. Para a polícia estadunidense, frequentemente criticada por abusar da violência, a média é de uma morte a cada 37.751 detenções. De 2004 a 2008, a Polícia de Choque paulista fez 305 mortos e apenas vinte feridos – e em todos esses alegados tiroteios sofreu uma só baixa fatal.
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, desconsidera as evidências acumuladas pela ONG e insiste em que “quando a polícia está numa operação não é recebida com flores”. Seu colega paulista, José Serra cala-se ruidosamente e deixa a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança “estranhar” que a ONG não destaque as estatísticas favoráveis que seu governo gostaria de divulgar.
Fonte: Carta Capital

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