Foto: Reuters / Sérgio Moraes

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Comentário de André Silva: Policiamento Comunitário, uma realidade.

Conforme matéria veiculada no portal capixaba "Gazeta On Line"(http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2009/09/536063-um+mes+de+ocupacao+sem+homicidios+e+sem+confrontos+armados.html), PMES ocupou algumas áreas com altos índices de criminalidade e em especial de homicídio e o resultado foi a diminuição de delitos e a ausência de homicídios durante esse período que foi de um mês.
Na matéria são utilizados os termos "ocupação", "confrontos armados", "flexibilixar os cercos", "ocupação estratégica" e por fim "os militares entenderam". Correto, atividade policial deve ser inteligente, enérgica, estratégica, pautada na lei e firme. Se for necessário "ocupar" cada área conhecida como de altos índices de criminalidade para restaurar e manter a ordem pública, que se "ocupe". Que se restaure a ordem antes que se perca o controle, a exemplo das favelas cariocas e os "caveirões" do Bope, e um outro jornalista estrageiro venha fazer um documentário e ser premiado como foi o caso do documentário ‘Dancing with the Devil in the City of God’ (Dançando com o Diabo na Cidade de Deus), do premiado diretor sul-africano Jon Blair. Nada contra estrangeiros, documentário ou jornalistas. Que venham e mostrem ao mundo o que a omissão tem causado nesse país.
Mas, o fato é que em nenhum ponto da matéria a polícia militar foi tratada pela própria instituição como polícia e sim como militar. Será que esse modelo é eficiente? Será que manter uma polícia militarizada para atividade policial é interessante nesse momento crítico da segurança pública brasileira?
A visão do combate e do confronto originária da doutrina militar se choca com a doutrina da polícia comunitária em que o pressuposto primordial é a visão do indivíduo como um cidadão. Atuar em conjunto com a comunidade local e em sintonia com as necessidades e mudanças que surgem com o dia-a-dia exclui completamente a visão do inimigo. A questão não é criticar a doutrina militar tão válida e essêncial para a defesa nacional e sim propor que se repensem a natureza da atividade policial.
O que faltou nessa "Ocupação estratégica" foi o "pós-cirurgico", ou seja, quantos policiais ficarão nas comunidades investindo no relacionamento com a comunidade quando a tropa sair? Como será o investimento permamente desses policiais em envolver a comunidade local nas questões de segurança pública e ao mesmo tempo garantir o direito a segurança?
O policiamento comunitário, de proximidade ou interativo é uma realidade irreversível.

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