Foto: Reuters / Sérgio Moraes

domingo, 20 de setembro de 2009

Novo documentário a caminho sobre a violência nas favelas cariocas

‘Dancing with the Devil in the City of God’

Uma equipe de filmagem estrangeira acompanha uma operação da Polícia Civil em uma violenta favela do Rio de Janeiro. Durante a trocade tiros um policial é morto. O efeito nos colegas é devastador e um deles, chorando, é consolado pelo diretor das gravações.
A cena aconteceu durante as filmagens do documentário ‘Dancing with the Devil in the City of God’ (Dançando com o Diabo naCidade de Deus), do premiado diretor sul-africano Jon Blair, que espera distribuidora no Brasil para lançá-lo. O longa acompanha odia-a-dia de um policial civil, um traficante considerado um dos mais perigosos na cidade e um pastor evangélico que tenta resgatar almas do tráfico, convertendo-os à igreja, sendo ele mesmo umex-bandido.
“Pode-se dizer que o filme é uma mistura de ‘Cidade deDeus’ com ‘Tropa de Elite’, só que é tudo real”, disse Jon Blair a O DIA. “É a primeiravez que você tem traficantes que aceitam mostrar as casas, as vidas, falando abertamente, mostrando o rosto”, afirma o produtor do filme, o jornalista inglês Tom Phillips, que vive no Brasilhá cinco anos.
Até conseguir conquistar a confiança dos bandidos, eles passaram quase dois anos acompanhando o trabalho do pastor na favela. “Não é um filme que você possa chegar e dizer ‘Oi, gente, queremos filmar aqui, tudo bem?’”, brinca Blair. Mesmo tendo conseguido se aproximar tanto de bandidos como da polícia, a equipe viveu momentos de tensão.“Uma semana antes de começar a rodar, eu estava com o pastor fazendo a pré-produção e começou um tiroteio. Tive que me esconder embaixo de uma mesa de sinuca”, lembra Tom.
A equipe também ficou impressionada porque eles próprios estavam com equipamento de proteção melhores que o da polícia nas operações. “Eu tenho filhos e jamais entraria ali do jeito que eles fazem”, avalia Blair, com a experiência de quem já trabalhou como correspondentede guerra. Diante do risco de serem criticados por dar voz a traficantes, eles se defendem. “Se você não fala com eles, não tem diálogo. Como vai resolvero problema?”, argumenta Tom. “Nessas comunidades, longe da Zona Sul, não tem ONG, projeto social”, observa ele. “Mesmo os policiais do filme falam que só matar não resolve”, diz.

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